Violência no Namoro
Há uns meses uma amiga procurou me e pediu ajuda por suspeitar que a filha de 16 anos estava a sofrer algum tipo de abuso.
Alertou-a a mudança de comportamento; não querer sair, deixar algumas amigas, mudar a forma de se vestir, andar triste (…)
A minha amiga disse que não sabia lidar com isto porque em casa sempre houve manifestações de amor e respeito.
Outra amiga escreveu-me e contou que uma amiga da filha lhe confidenciou que o namorado a tinha agredido numa saída à noite. Ficou sem saber como abordar com a filha a situação.
A violência no namoro é uma realidade em muitas relações de intimidade, à semelhança da violência doméstica pode ser psicológica (com graves consequências para relacionamentos futuros), física e sexual.
Hoje a violência psicológica e sexual pode acontecer também na internet com consequências muito graves para a dignidade das vítimas.
Milhares de raparigas vêm as suas conversas íntimas, as suas fotografias e vídeos partilhados ou roubados terminarem em plataformas de pornografia, ficando sem saber o que fazer.
Muitos jovens legitimam a violência e não identificam comportamentos violentos. Ver o telemóvel do outro, controlar a forma como se veste, o que come, pressionar para o sexo, empurrar ou até dar uma estalada são exemplos de alguns comportamentos que não associam a violência.
Apesar de na violência doméstica a maior parte das vítimas serem mulheres na violência no namoro os rapazes reportam igualmente situações de violência, principalmente psicológica.
Numa sessão recente com jovens do 12 ano, várias raparigas admitiram ter visto o telefone do namorado e assumem a necessidade de os controlar.
A romantização das relações não contribui para as relações saudáveis porque muitas histórias não têm finais felizes.
Crescer em ambientes hostis também não ajuda. “Mais vale um bom divórcio que um mau casamento” dizia uma professora minha e na verdade, a exposição das crianças a padrões relacionais tóxicos perpétuos a violência.
A maior parte das situações de violência pressupõem um poder sobre outro e estão quase sempre associados a baixa autoestima, carência emocional e a necessidade de controlo.
Dra. Vânia Beliz, Psicóloga Clínica
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