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Uma #Velhice sem Tabu, por Elisa Ribeiro


26 de julho de 2023, Dia dos #AVÓS


Elisa Ribeiro, natural de Vila Nova de Famalicão, uma jovem de 93 anos, viúva desde de muito jovem, aos 42 anos. Mãe de 6 filhos, Elisa sempre lhes dedicou a sua vida, apesar das muitas dificuldades, mas nunca desistiu de viver.

A sua idade não e nunca foi um obstáculo. Autónoma e com saúde, apesar das adversidades que a vida lhe pôs à prova, encara a vida a sorrir.

Elisa casou com 20 anos de idade. Foi grávida para o casamento e, naquela época, os seus pais apoiaram-na incondicionalmente. Apesar de estar viúva há 51 anos, Elisa ainda se lembra bem que, quando conheceu o seu marido, sentiu que o amor dela seria eterno.

Nesta entrevista ao Love with Pepper, Elisa Ribeiro fala-nos de como é viver a ausência da sexualidade e do amor e reconhece que o #AMOR é o que mais importa.


Como foi o seu percurso de vida?

Após ter ficado viúva cedo, lutei sempre para que os meus filhos tivessem valores, princípios e acima de tudo educação e ate lhes proporcionei estudos, o que naquele tempo foi muito difícil eu era muito jovem.


O que é o Amor?

O amor é compreender e respeitar o outro. Eu só amei um homem, o homem com quem casei, o meu marido e o Pai dos meus filhos. E amo os meus filhos e netos. É dai que sinto o que é o Amor.


Como é viver com a ausência do seu marido?

Foi viver para os meus filhos, tenho a consciência de que sempre fui uma Mãe presente.


Como conheceu o seu marido?

Ele trabalhava no mesmo sítio que eu e um dia, eu estava a trabalhar e ele deu-me um beijo na cara. Eu envergonhada sai e ia limpar a cara. Ele viu-me e disse para não limpar, porque não se via o beijo. A partir daí começou a criar-se uma amizade, começamos a namorar e casamos.


Como foi o dia do seu casamento?

Foi um casamento apenas com a família, dentro das nossas possibilidades. Não foi um casamento como nos dias de hoje. Eu ia grávida e foi um casamento com muito amor.


Foi um casamento feliz?

Ele era muito meu amigo, romântico, fazia tudo por mim e nos anos em que estivemos casados havia muito amor e compreensão.


Sendo ele um homem mais velho e você mais nova, como foi aceite o seu casamento perante a sua família?

Aceitaram, embora me dissessem para arranjar um homem mais novo ou da minha idade, mas eu não gostava dos mais novos, gostava daquele e era aquele que eu queria e casei com ele.


Como é que a sua família reagiu ao estar grávida no casamento?

A minha Mãe apoiou-me muito naquela altura e disse-me que se não me quisesse casar que me ajudava a criar o bebé que vinha a caminho. Casei-me e já estava grávida de 5 meses.


Como era vivida a sexualidade na sua época?

Era vivida às escondidas e antes de casar fazíamos as escondidas e quando desse para namorar. No meu caso, era nos fundos da casa quando ele me vinha ver! (risos)


Após ter ficado viúva pensou voltar a casar?

Não, apesar de existirem pretendentes só amei o meu marido. Vivi exclusivamente para os filhos.


O que mais lhe custou após ter ficado viúva?

Custou-me muito criar os meus filhos com a ausência dele. Foi muito doloroso e difícil.


Como lidou com a sexualidade apos ter ficado viúva?

Após a morte dele, morreu uma parte de mim e o desejo e a vontade também morreram e despareceram por completo.


Como é que vê a sexualidade na terceira idade?

Nos dias de hoje vejo a sexualidade com brutalidade, na minha época era mais vivida e com muito mais respeito. Tratam o sexo com vulgaridade e não deve ser assim.


Qual a diferença dos casais do hoje e do antigamente?

Hoje em dia, não existe a paciência, respeito e amor que existia antigamente. Divorciam-se por tudo e por nada. Têm de ser mais tolerantes!



Acha que a sexualidade na velhice é esquecida?

Não penso nisso sequer, para mim o mais importante é o afeto e amor dos filhos e dos netos. Gosto de sentir os beijos deles.


Com 93 anos como se sente?

Embora autónoma, sinto-me cansada e sinto que a minha viagem está acabar. Quero aproveitar o tempo que me resta com os que mais amo, a minha família.


Elisa Ribeiro, Reformada

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