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Simone Fragoso, a Campeã da Diferença




25 de Outubro de 2022, Dia Nacional de Combate Contra as Pessoas com Nanismo


Simone Fragoso assume-se como uma uma pessoa extrovertida e brincalhona e uma cidadã exemplar. Licenciada na área da educação, esta professora é também uma atleta com um desempenho notável. Praticante de natação desde os 24 anos, Simone é uma mulher anã bem sucedida em todos os aspetos da sua vida.


No desporto representou o Naval Setubalense entre 2005 e 2008, o SL Benfica entre 2008 e 2012 e esteve como individual entre 2012 e 2014.


Ao longo do seu percurso de atleta, conquistou entre outros títulos, uma medalha de prata no Campeonato do Mundo de 2006, uma medalha de prata no Europeu de 2007, três medalhas de ouro no Campeonato do Mundo de Nanismo em 2008 e uma medalha de bronze no Campeonato da Europa em 2009.


Em 2014, Simone Fragoso ingressa no clube do coração desta o Sporting, como nadadora consagrada e em 2016, conquista o terceiro lugar no Meeting da Croácia.


Depois de ter conquistado o décimo lugar nos Jogos Paralímpicos de Pequim em 2008 e o sétimo lugar nos Jogos Paralímpicos de Londres em 2012, Simone Fragoso encetou uma afincada preparação com vista aos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro de 2016.


Dona de uma simpatia e de uma alegria contagiante, Simone afirma que o seu lema de vida é dar o máximo sempre.


Nesta entrevista, explica como é ser uma atleta de Mérito Anã, e como ultrapassa as dificuldades que a vida lhe coloca no caminho.


Como se define como Mulher?


Sou uma mulher pouco afeminada. O desporto também veio alterar um pouco a definição no meu corpo. A natação veio alargar a minha parte superior , a parte abdominal, reduzir os meus seios, entre outras características, daí ter poucas características de mulher. Aliás, a minha Mãe educou-me para ser o mais desenrascada possível e também de forma a que o desporto não me causasse problemas como constipações por ter o cabelo comprido e cortei para não causar esses transtornos e acabei por assumir outra estética.


Considera-se uma mulher feminina?


Luto pelos meus direitos e pela igualdade.


O nanismo impediu-a de realizar alguns dos seus sonhos?


Eu não tenho sonhos, tenho objetivos que concretizo e são para levar até ao fim!


Como define o seu percurso de vida aos 41 anos?


Considero-me uma pessoa extremamente feliz com aquilo que faço, com o que represento na sociedade. Sou um exemplo de vida para todos nós.

Com a minha idade já viajei muito, já conheci muitos países e muita gente por este mundo fora, o que é muito gratificante.


Alguma vez sentiu na pele preconceito pelo facto de ser anã?


Por incrível que pareça nunca sofri preconceito, tive sorte! Talvez pelo facto de os meus amigos serem de infância e sempre existir aquela proteção, e nunca aquela perceção de existir qualquer tipo de agressão para comigo.


Considera-se uma mulher romântica?


Sim, tenho aqueles timings!( risos)


Qual a sua orientação sexual?


Sou eclética.


Acha que o facto de ser anã o dificulta nas relações amorosas?


Não, de forma alguma! Nunca foi um obstáculo para mim, nem para a outra pessoa e o fato de ser conhecida, também tive que colocar uns travões. Obviamente que já tive os meus amores, desamores, dates, como qualquer outra pessoa, mas não é pelo fato de ser pequena, que não sou bonita, inteligente, gosto de mim, amor próprio acima de tudo!



Visto que estamos na era das tecnologias, alguma vez conheceu alguém virtualmente escondendo que era anã?


Nunca escondi quem eu sou e já conheci pessoas virtualmente.


Sente que com o passar dos anos existe mais abertura e menos preconceitos das pessoas em relação ao nanismo?


Por incrível que pareça nunca sofri qualquer tipo de preconceito, quer pessoal, quer sexual, talvez por viver num meio mais pequeno, tive essa sorte.


Alguma vez teve uma história caricata por ser anã que nos queira contar?


Tenho tantas histórias, pois viajei muito, por este mundo fora! Até histórias de Carnavais brasileiros, tenho! Aliás os brasileiros são fantásticos, têm vida, uma grande vida como eu!( risos)


Como é o nanismo a nível sexual?


A nível sexual não tenho grandes dificuldades, porque sou pequena e encaixo-me bem em tudo e faço de pé, não existe desvantagens, é só vantagens e também nunca ninguém se queixou! (risos)


Sente-se inferiorizada em relação aos outras mulheres?


Não, nada disso!


O que procura numa companheiro/a ?


Não é preciso ser deslumbrante, tem que ter cultura, saber falar, estar e a educação tem de fazer parte.


Qual foi a experiencia sexual mais marcante que teve?


Eu sou como o Toy, toda a noite, toda a noite... ( risos) e que dure durante a noite, durante o dia, que seja prazeroso e que fique na memória de tão bom que foi.


Com que idade perdeu a sua virgindade?


Perdi mais ou menos com 18 anos.


Sente que já encontrou o amor da sua vida, independente de estar ou não com a pessoa?


Já tive um grande amor da minha vida e ainda mexe comigo. Foi a única pessoa que amei até à data, mas as vidas tomam outro sentido e rumo e ficamos pela amizade.


O nanismo condicionou, de alguma forma a sua forma de interação entre os outros?


Não, de forma alguma, sou uma pessoa muito dada, sociável e gosto de conversar muito.


O tamanho importa?


Acho que sim, como diz o velho ditado “só precisa de ser trabalhador”!(risos)


Algum companheiro/a sentiu preconceito por namorar consigo, pelo facto anã?


Não, nunca aconteceu.


O verdadeiro amor vence o preconceito?


O amor vence tudo, se for verdadeiro!


Simone Fragoso, Professora e Atleta Paralímpica

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