Ricardo Moniz, a vida de um Homem por detrás da Pornografia
Ricardo Moniz, açoriano, 27 anos, viveu até aos 19 anos em Ponta Delgada, fugiu de casa para estar perto do seu namorado que vivia em Lisboa.
Licenciou-se em Psicologia ainda na universidade dos Açores, onde depois mudou-se sozinho para Londres e licenciou-se em enfermagem numa Universidade em Londrina, e lá encontrou o seu novo amor.
Há um ano atrás decidiu entrar no mundo da pornografia, onde estava a ficar com uma depressão devido ao trabalho como enfermeiro.
Nesta entrevista conta-nos o seu percurso de vida neste novo mundo que vive, a Pornografia para quebrar o preconceito e o tabu ainda existente neste tema tão conservador.
Considera-se um Homem romântico? E ciumento?
Sou uma mistura dos dois. Embora já fosse um romântico incrível, onde escrevia cartas e SMS de amor longas quase todas as semanas para os meus namorados.
Mas com os desgostos amorosos, acho que amadureci e já não sou tão romântico.
Apesar de considerar que o amor um dos sentimentos mais fascinantes do mundo.
Quanto ao ciúme, sou!
Costumo dizer ao meu namorado Igor, enquanto eu tiver ciúmes não te preocupes porque significa que eu ainda te amo, se não tiver é porque algo diferente se passa.
Evidente como nós os dois trabalhamos com o porno o tipo de ciúmes é diferente dos ciúmes que um casal num relacionamento normal.
Qual a sua orientação sexual?
Sou 100% gay! Nunca tive qualquer tipo de relações sexuais com o sexo oposto.
É comprometido?
Sim, estou a namorar com um outro ator porno, Igor Lúcios há 6 meses.
Como é ter relações afetivas com esta profissão?
Como o meu namorado também tem a mesma profissão que eu, então é muito mais fácil e eficiente.
Quando ambos trabalham em conjunto para um mesmo objetivo, queremos o sucesso um do outro.
Mantém uma vida sexual ativa para além da sua vida profissional?
Sim, muito. A minha libido com o meu namorado é muito elevada.
O que levou a entrar no mundo da pornografia?
Foi quando me diagnosticaram uma depressão, e a gerente da empresa que trabalhava não me estava a apoiar durante esse processo tão difícil e complicado para mim.
Entretanto, decidi recorrer à baixa médica por 3 meses e foi aí que comecei a procurar alternativas de trabalho.
Devido ao covid e ás restrições que surgiram nesse período, não havia empresas a contratar ninguém, aí decidi começar num site do Onlyfans, onde abriram e surgiram oportunidades na área da pornografia.
Quando é que decidiu entrar nesta área?
Iniciei em maio de 2020, durante a pandemia.
Faz-lho por prazer sexual ou dinheiro?
Ambos. É necessário que haja interesse e desejo sexual pela pessoa com quem se trabalha e contracena, digo que as cenas que faço tem que transparecer reais e quero que os meus fãs tenham uma experiência relativamente próxima ao que se passa na vida real.
Evidentemente que o dinheiro também é importante.
Em média quanto é que um ator/ atriz porno ganha por filme?
Dependendo da agência cinematográfica, pode rondar os 300 euros aos 1200 euros. E também depende do quão famoso é o ator em questão.
Que tipo de filmes faz?
Só faço filmes de porno gay, alguns com fetiches outros mais amadores e a maioria porno gay profissional.
Quais as práticas sexuais que faz e pratica?
Sou 100% versátil, e gosto tanto de sexo oral como sexo anal. Não gosto muito que usem os dedos em mim, mas gosto de o fazer aos outros, sinto um certo prazer ao fazê-lo.
Dildos, plugs e estimuladores, não são o meu forte, e não sou fã. Mas gosto um pouco de sado, mas não com muita violência.
Durante as gravações toma algum estimulante sexual?
Nas gravações às vezes tomo viagra, dependendo de quem, como vou gravar e se os nervos aparecerem.
Nos estúdios por vezes somos injetados para manter a ereção durante o período de gravação.
Qual o segredo para essa vitalidade toda?
Ter começado a minha vida sexual muito cedo talvez seja isso?!
Sempre tive muita curiosidade em experimentar tudo enquanto estou vivo, talvez seja esse o segredo.
Acha que as pessoas neste momento recorrem mais ou menos ao mundo da pornografia?
Na minha opinião, considero que mais. Hoje em dia temos vidas mais complicadas e stressantes, daí
Recorrer ao prazer instantâneo e à pornografia
Acha que a pornografia nos dias de hoje não é tão falada e vista?
No meu ver, continua a ser um tabu para muitas pessoas e para a sociedade em geral. Especialmente
em Portugal, que é um país com a população bastante envelhecida e também muito conservador, onde espero
que mude em vários sentidos.
Não me refiro só à minha profissão como ator porno, mas sim a qualquer outra profissão.
Alguma vez se arrependeu por ter escolhido esta profissão?
Não, até ao momento acho que foi a melhor decisão que fiz. Os meus rendimentos são elevados o que me
permite viajar pelo o mundo inteiro e ter férias quando quero.
Alguma vez pensou trabalhar numa outra profissão para além da pornografia?
Sou um homem que não tenho medo de trabalhar, já diz um pouco de tudo que possam imaginar.
Caso exista outras oportunidades de emprego e caso me interesse irei com certeza aceitar.
Como vê a sua saída do mundo da pornografia?
Ainda não sei como vai ser. Até porque como já referi não tenciono o deixar nos próximos 5 anos.
Se tivesse que dar um conselho a alguém que quer entrar nesta área profissional, que conselho daria?
Para quem estiver a pensar em entrar neste mundo, pensem muito bem, porque apesar de parecer que o dinheiro é fácil, não o é.
Requer muitas horas diárias nas redes sociais. Requer uma dinâmica pessoal arrojada e diferente dos demais.
A pornografia ainda é vista com muito tabu e daí advém muito ódio e inveja das pessoas.
Por parte da família também nem sempre é fácil aceitar as nossas opções.
Ter cuidado e verificar se de facto têm o perfil adequado para serem atores porno, pensar bem antes de tomar qualquer atitude e decisão é o melhor conselho que posso dar.
Ricardo Moniz, Actor / Modelo
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