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Rebeca, a Estrela na Música e a Estrela na Doença



As estrelas também sofrem, não são imunes ao sofrimento.


Rebeca, 40 anos , a cantora de música popular portuguesa conta-nos como superou um cancro na mama e como esta doença afetou a sua sexualidade.


Quem é a Rebeca?


A Rebeca é uma mulher como todas as outras com as suas fragilidades , muito tímida no dia a dia, mas em trabalho transforma-se como se mudasse para uma outra pessoa, ou seja, torna-se extrovertida e muito confiante.


Como se define , como Mulher, Mãe e Esposa?


Sou uma mulher muito tímida, ansiosa, perfecionista, no dia a dia, sou muito prática, de sapatilhas e cara lavada, mas, em trabalho, adoro vestir-me bem com sapatos altos e uma boa maquilhagem.

Como mãe sou mesmo mãe galinha sempre preocupada adoro mimos e tenho a sorte de ele ter o mesmo gosto tento ser a melhor mãe do mundo , mas também sabendo dizer o não pois será importante para a educação do Robim.

Como Esposa também adoro os mimos , o beijinho antes de dormir nunca pode faltar e a preocupação de saber se o dia correu bem em termos de trabalho.


Como e quando sentiu que algo não estava bem?


No ano 2017 senti-me um pouco cansada mas sempre pensei que seria excesso de trabalho pois no verão costumo ter concertos de norte a sul do país quase todos os dias, mas na realidade não seria só por isso .

Num belo dia toquei na minha mama esquerda sem querer e senti algo duro parecendo um botão do vestido, mas logo percebi que afinal era mesmo um nódulo do tamanho de um tremoço na minha mama. De imediato liguei para o meu médico radiologista Dr. José Carlos Marques que me mandou estar no consultório no dia seguinte. Assim fiz e logo após a ecografia mamária, deu me a notícia que eu estava com cancro de mama aos 38 anos (convém referir que tinha feito mamografia 5 meses antes e não tinha rigorosamente nada na mama).


Como é receber a notícia de que tem cancro de mama?


É das piores notícias que se pode ter, é horrível, é um balde de água congelada em cima da nossa cabeça e pior vindo de um cancro na tiroide aos 30 anos, sem dúvida que pensei que iria morrer.


Como foi informar a família e como reagiu?


Foi também muito difícil... o marido que estava cá fora e quando me viu sair a chorar não foi preciso dizer mais nada, percebeu logo que seria o que menos queríamos. Informar o meu filho foi realmente o pior, pois o menino entrou em pânico , chorou , gritou até mudou de feição deixando de o conhecer! Foi horrível ouvi- lo dizer “mamã por favor não morras“.


Tem conhecimento que existem muitas mulheres que são abandonadas nesta situação. O seu companheiro apoiou-a?


Sem dúvida que sim infelizmente conheci muitas colegas que iam sozinhas fazer a quimioterapia a chorar pois os companheiros abandonaram-nas. Eu felizmente tive muita sorte. O meu marido nunca me abandonou, nunca faltou a uma sessão de quimioterapia que foram muitas, dezasseis, radioterapia, vinte, imunitária dezoito e sempre me disse que estava linda, mesmo careca e bem mais gordinha nunca deixou de me elogiar e dar me força para conseguir fazer o tratamento todo até ao fim .


De que forma a sua autoestima foi afetada pela doença?


Lembro-me de usar um robe com carapuço e sentia vergonha se alguém que me viesse visitar a casa e mostrar a careca! Até ao meu marido cheguei a esconder e foi ele o próprio a dizer que não valia a pena esconder pois gostava de mim exatamente como estava.


O que mudou no seu corpo e na sua vivência sexual?


Mudou alguma coisa sim, dado que o meu tumor era hormonal estou a fazer tratamento com aromasin durante 10 anos e com zoladex para provocar a menopausa, mas tem efeitos secundários, muitas dores articulares e secura vaginal, mudanças de humor repentinas e ondas de calor. Mas com a ajuda da oncologista e do ginecologista conseguimos encontrar um bom lubrificante sem hormonas para tentar não ter tanta dor na relação sexual e ter menos perdas de sangue pela vagina. O colo do útero ficar atrófico... o resto dos efeitos secundários, é ir vivendo e vamo-nos habituando!


Sentiu alguma vez que "ficar" sem mama ia afetar a sua vida sexual?


No meu caso dado que o tumor era pequeno média 1,5 cm fiquei com a mama, simplesmente o Dr. João Vargas Moniz retirou o tumor com margens corretas fez a reconstrução das duas mamas para não ficarem assimétricas e retirou três gânglios da axila que, felizmente, vieram sem doença. Mas se tivesse de retirar a mama faria o que fosse melhor para mim pois eu e a minha família só queríamos que eu vivesse e que ficasse junto deles com ou sem mama.


Não querendo ser muito invasiva e não querendo entrar na intimidade como foi a sua primeira vez pós cancro. Foi uma nova descoberta?


Foi estranho pois tivemos algum tempo sem o fazer. A primeira vez senti logo algumas dores durante a relação. Falei com a oncologista e foi aí que me foi explicado que seria normal por ter menos lubrificação provocada pelos tratamentos, logo tratamos da situação! Mas o meu marido sempre foi muito cuidadoso e quando existe amor consegue - se perfeitamente ter uma vida mais ou menos normal.


Alguma vez teve receio da parte do companheiro da rejeição do seu "novo" corpo ?


Como expliquei em relação à mama, não fiquei sem ela, felizmente, embora esteja com cicatrizes mas é uma das coisas que não nos mete confusão pois até ficou bonitinha!

O que me fez confusão foi o facto de ter engordado bastante e não me sentia muito à vontade com o meu marido , mas da parte dele, sempre me disse que era da minha cabeça e que era bonita de qualquer forma. Hoje, passado três anos, emagreci 44 kg depois de acabar a quimioterapia e sinto-me muito mais confiante e feliz.


Considera que é possível passar pelo cancro da mama sem " beliscar", a relação afetiva com o seu parceiro?


Não é fácil e não é qualquer homem que tem estofo para passar com a sua esposa por um cancro, da minha parte fomos à luta os dois e nunca me largou um segundo por isso acho muito bem possível passar por isto sem afetar a relação.


De que forma os tratamentos de quimioterapia podem prejudicar as relações sexuais?


A quimioterapia deixa a pessoa debilitada. No meu caso com muitas dores no corpo , dores de cabeça , de estômago e muitos enjoos sem conseguir comer, deixei de conseguir andar e tive de ajudada a ir à casa de banho, logo ter relação sexual era impossível, como é normal nem sequer pensava nisso.


A que se deve ter superado esta má fase da sua vida?


Com certeza que foi com a ajuda da minha família, marido , filho, pais e mana... Eles foram fundamentais para conseguir fazer todos os tratamentos sem falhar um e, claro, ser cuidadosa e fazer a apalpação mensal pois se não tivesse descoberto o tumor cedo já cá não estava para contar a história hoje, dado que o tumor era muito agressivo her2 positivo com proliferação de 80% ou seja era um bebé assassino, mas com os meus cuidados consegui encontrá-lo ainda sem metastização ou seja tumor localizado só na mama.


O Amor cura tudo?


O amor ajuda a curar e é fundamental para apoiar a mulher nos tratamentos agressivos, na perda do cabelo e na cirurgia.


Gostaria de transmitir alguma mensagem às mulheres que se encontram a “batalhar” contra um cancro da mama?


Claro que sim. Confiem nos tratamentos e no vosso oncologista, se acharem que têm dúvidas peçam uma segunda opinião e escrevam todas as perguntas antes da consulta.

Acreditem que também há finais felizes e se outras mulheres conseguem , vocês também irão conseguir vencer.

Um abracinho apertado e um beijo nos vossos corações!

DESISTIR NUNCA!


Rebeca, Cantora de Musica Popular Portuguesa


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