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Paulo Calado e a Resiliência à #Infertilidade



Paulo Calado, 41 anos, natural de Lisboa, casado com Joana Folgado que vive como casal um problema de infertilidade.


Casados desde 2014 e apesar de Paulo estar emigrado, este casal embora afastado, mas com dinâmica sempre tentou perceber e qual seria o momento oportuno para a constituir família. Durante 2 anos tentaram realizar esse projeto, por vias normais, mas sem qualquer êxito e então recorreram a um especialista e foi diagnosticado baixa reserva ovárica.


A partir desse momento vivem como casal a infertilidade há 10 anos.


Adora jogar futebol e é benfiquista de gema, gosta de esquiar embora aprecie mais praia, mar e sol.


Considera-se alegre, bem-disposto, curioso, sociável e sobretudo um excelente marido e companheiro.




Romântico o quanto baste, gosta de surpresas e de ser surpreendido, ousado nem tanto e nada ciumento.


Nesta entrevista ao Love with Pepper, Paulo explica enquanto homem como é viver a infertilidade como casal e como um casamento sobrevive a este problema da sociedade que é tão pouco falado.


Para si o que é a infertilidade?

Para mim é uma experiência muito própria que eu tenho vivido enquanto casal e que no fundo é uma condição que muitas vezes não tem explicação e que gera muita ansiedade e frustração e de alguma forma, provoca distância entre o casal.


Como se chega a um diagnóstico de infertilidade?

Após 2 anos de tentativas falhadas, decidimos procurar ajuda médica e depois de vários exames o diagnóstico vem com baixa reserva ovárica por parte da Joana. Quanto ao espermograma me dissessem que embora a mobilidade dos espermatozoides não fosse a melhor, estes fatores não eram motivos para infertilidade.


Alguma vez se sentiu inferiorizado em relação aos outros homens?

Não tenho memória disso! No entanto, enquanto casal recordo que sentíamos dificuldades que outros casais não sentiam. Embora no meu caso, o meu grupo de amigos que por circunstâncias não tenham filhos, talvez não sinta essa pressão tão presente na sociedade. Eventualmente, talvez me sinta inferiorizado em relação aos meu pais que tanto queriam um neto e ainda não o conseguimos dar.


De forma é que os tratamentos de fertilidade afetam a sexualidade vivida no casal?

Considero que a longo prazo vai afetando a espontaneidade do sexo, o desejo, o mimo e quanto à intimidade sexual começa a haver barreiras mentais, que se vão impondo no ato. E quando se quer ser pai e se deseja uma gravidez, afeta muito a excitação do homem porque a nossa mente é que gere tudo.


Considera que o sexo é importante na vida e na relação de um casal?

Sim e acho fundamental. Enquanto casal, espera-se que seja um momento de cumplicidade, em que a relação seja saudável, o sexo é muito importante e ao mesmo tempo pretende-se que se explore e descubra as melhores formas de prazer e intimidade. No meu caso, o sexo tem sido marcado por expetativas frustradas no que diz respeito á fecundidade, a infertilidade, os calendários e tentamos que essa questão não torne a parte sexual má.


Como se reage quando os tratamentos não funcionam?

Existe uma frustração silenciosa e de impotência que se transforma em dor e perda, que no fundo, se interioriza. Abstrair e partilhar apazigua essa dor, mas no sentido mais racional tentamos outros caminhos, para que nunca se desista do sonho de formar família.


É fácil uma relação sobreviver a esta situação toda?

Acho que não. No entanto, temos que estar alinhados, comprometidos neste projeto parental. Apesar de estarmos muitas das vezes separados temos que fazer cedências, comunicar, partilhar e não desistir para que enquanto casal possamos viver o milagre da vida na sua plenitude.



Já pensou alguma vez na adoção?

Sim, várias vezes e até mesmo a minha família diz para adotar, mas sinto que ainda não chegou o momento, porque ainda não desistimos e ainda existe essa esperança de ter filhos biológicos. No entanto, os processos de adoção também são dolorosos e longos e oficialmente não iniciamos nenhum processo.

Alguma vez pensou em desistir?

Sim, mas o que acontece é que é difícil. Tivemos períodos que não fizemos nada e no fundo foi bom porque nos abstraímos um bocado sobre o assunto e e até me ajudou a recuperar um bocado a intimidade sexual. Também existe um limite para ter filhos, e submeter o corpo da Joana a estes tratamentos que têm efeitos muito maus, dentro de nós também não é bom. Neste momento, estamos na doação de gametas que é a possibilidade que temos em vista. Ainda tenho energia e esperança para continuar o caminho porque existem histórias com finais felizes.


Como é viver um problema de infertilidade em Portugal?

É muito dispendioso, embora tivemos a experiência com o SNS que é demorado e limitado, mas fundo não foi mau de todos, temos bons profissionais e técnicos de saúde. No caso, do privado existe muita oferta é dispendiosa e nem sempre funciona. A infertilidade ainda é um tema pouco falado e existe muito tabu na sociedade.


Sente-se um homem seguro a nível sexual?

Sim e não é a infertilidade que faz com que não seja capaz de fazer tudo direitinho. (risos)


Sexualmente realizado. Vida feliz. O lema do Love with Pepper, concorda?

Concordo, se bem que a minha perspetiva passa para muito além da sexualidade ou pela parte sexual ativa.


O sexo é bom?

Sim e sinto-me realizado nesse campo com a Joana.


Paulo Calado, Engenheiro


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