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Paula Teixeira, uma Mãe Especial, uma Filha Especial

Atualizado: 19 de abr. de 2021




No Amor Somos TODOS Iguais


Paula Teixeira, uma mulher comum, Mãe, Filha, Irmã, Amiga, Esposa e Trabalhadora, que acredita no Amor, acima de tudo! Mãe de uma jovem muito especial a Carolina, que tem Trissomia 21. Nesta entrevista, Paula fala-nos da relação com a sua filha, do Amor incondicional que as une e da riqueza que é ter uma filha especial. Porque não existe diferença no Amor.


Ter uma filha especial é uma dádiva para pais especiais?


Não o vemos dessa forma pois não nos consideramos pais especiais. Todos os filhos são uma dádiva pois cada um traz uma riqueza e experiência única às nossas vidas.

Acreditamos que é uma missão que, com toda a certeza não nos foi atribuída por acaso, que se traduz num imenso aprendizado e evolução enquanto seres humanos.


Quais as particularidades que valoriza na Carolina?


A capacidade de Amar, a capacidade de perdoar, a de se reinventar a cada momento menos bom que já passou e passa, a generosidade, a alegria, a resiliência, a coragem, a lealdade, a simpatia entre outras.


Qual a idade da Carolina?


20 anos.


A Carolina frequenta alguma Instituição?


Não, nunca frequentou. Sempre andou em escolas/ colégios regulares com apoio educativo para alunos com necessidades especiais.


A Carolina convive com amigos fora do contexto familiar?


No momento não, mas fora do contexto atual sim. Com amigos e com o namorado.


Como explicou à Carolina as mudanças associadas à sexualidade?


À medida que ela foi colocando questões, sempre fizemos questão de ser muito esclarecedores e falar de igual para igual. Obviamente com linguagem adaptada a cada fase da vida em que colocou as mesmas.

Foi tudo muito natural e gradual. Acima de tudo, este tema sempre foi tratado com a mesma seriedade, respeito e abertura com que tratamos todos os assuntos referentes a qualquer área da vida da Carol. O princípio é sempre o mesmo: respeito a si mesma e ao próximo.


Usou algum apoio?


Sempre teve apoio de psicóloga. Ao longo da vida teve várias e as mesmas também a ajudavam em algumas questões, sim. A nós também como pais, a aprender a lidar com cada fase da vida dela.


A educação sexual da Carolina foi apoiada pela escola ou por algum outro profissional?


Na verdade, a Carol nunca recebeu nenhum apoio específico para a educação sexual sempre partiu de nós, família. Porém as psicólogas complementavam e ajudavam a reforçar determinados temas em concreto.

No que diz respeito a professores e terapeutas, as poucas vezes que nos abordaram esse assunto fizeram-no de forma assertiva e foi uma troca percebemos que nós enquanto pais que buscam constantemente informação a respeito de tudo e mais alguma coisa na T21 e que partilham e trocam experiências com outros pais acabam por ter mais conhecimentos neste ponto do que alguns professores e terapeutas cujo foco é outro.

Se me perguntar se a sexualidade ainda é um tabu digo com toda a certeza que sim.

Muitas pessoas não estão preparadas para ouvir falar de sexualidade na deficiência.

Quando a Carolina tinha 14 anos levamo-la a um congresso nacional (no Brasil, pois vivemos lá 5 anos) sobre a Síndrome de Down. Todos os temas possíveis e imaginários foram abordados. Centenas de jovens estiveram presentes e participaram de atividades e palestras com diferentes temáticas, inclusive a sexualidade. Ali a Carol despertou ainda mais, porém com uma consciência diferente e começou a questionar a respeito de tudo o que ouviu. Para nós foi um facilitador.

Cada família tem os seus mecanismos.

Quais os apoios que a Carolina beneficiou?


A Carolina beneficiou de terapia da fala, terapia ocupacional, professoras de ensino especial e psicólogos.


Alguma vez a Carolina lhe fez uma pergunta que ficou sem resposta?


Já. Sobre engravidar e ter filhos. Uns minutinhos a pensar.


Em que fase ou idade teve a perceção de que entendia a sexualidade da sua filha?


Desde a infância.


Falou com algum profissional de saúde sobre isso?


Sim


Alguma vez a alertaram ou sensibilizaram as mudanças pelas quais a sua filha ia passar na adolescência?


Fomos conversando à medida que ela própria ia sentindo e percebendo as mudanças.


Sendo a Carolina uma jovem muito especial, como é que ela lhe disse que estava apaixonada?


Simplesmente conversou comigo. Como mãe que acompanha de perto a filha, rapidamente me apercebi que o coração estava a dar um sinal e foi só esperar que ela falasse sobre isso.

A Carolina tem um grande amor ou paixão. Como é que a Paula reagiu?


Reagi (mos) bem pois a felicidade dela completa a nossa. Tem a necessidade e direito de ser feliz em todos os planos que compõem a vida de todo o ser humano


A sua filha já mostrou interesse iniciar a sua vida sexual?

Já perguntou a respeito e já mostrou interesse. Porém manifestou insegurança e despreparo para tal, tendo em conta que o relacionamento dela ainda está num estágio muito inicial de conhecimento mútuo que é fundamental para dar o passo seguinte seja ele qual for. Inclusive, o início da vida sexual a dois.


Prevê a possibilidade de a Carolina vir a viver com o João?


Claro!! Sempre a educamos e tentamos proporcionar-lhe as condições necessárias para lhe conferir o maior grau de autonomia para conseguir realizar os seus sonhos. Nomeadamente o de casar e poder viver com o companheiro que escolher e que a escolher para tal partilha. Com Amor e Respeito.


Se a Carolina casar, como vai reagir?


Iremos ficar muito felizes. Será mais um motivo de orgulho para toda a família. Aliás, caso isso aconteça acredito que será motivo de felicidade e orgulho para ambas as famílias.


Encara a possibilidade da sua filha poder vir a ter filhos.


Já pensamos e conversamos muito a respeito deste assunto. Para nós é o mais delicado por inúmeros fatores.


Quais são os seus maiores receios que sente em relação ao domínio sexual e afetivo da sua filha?


A nossa maior preocupação sempre foi o que poderia acontecer fora do nosso alcance. Existe muita maldade no mundo.

Fazê-la perceber que nem todas as pessoas são boas pois ela tem uma inocência que associada a uma carência no âmbito social poderia comprometer a sua integridade


O que dizem os seus olhos como Mãe?


Dizem o mesmo que o coração. Que temos muita sorte de termos a Carolina nas nossas vidas e que todas as preocupações, anseios que vivemos foram e são propulsores para continuarmos este caminho lado a lado, SEMPRE.


Que mensagem quer transmitir aos pais que estão na mesma situação que a sua.

Gostaria de dizer que não seria de todo correto ou sincero dizer que é um processo fácil. Não é!

Porém, se por um lado nos confrontamos com uma sociedade que se alimenta de um veneno chamado preconceito, por outro lado, somos cada vez mais a criar, alimentar e reproduzir o antídoto da Inclusão, do AMOR, do RESPEITO.

Acreditem sempre!

Um degrau de cada Vez. Agradeçam por cada conquista. Tracem novos objetivos. Não comparem. Não julguem. Façam o vosso caminho em paz e em consciência que estão a fazer o melhor que sabem e que podem.

Em AMOR SEMPRE.



Paula Teixeira, Coach pessoal, Coach empresarial


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