O #AMOR não tem #PESO, por Ricardo Castro
Ricardo Castro, 45 anos, ator e é Pai. É focado, determinado e exigente com ele.
Formou-se na Escola Profissional de Teatro de Cascais e estreou-se profissionalmente como ator em 1997. Foi protagonista da série «Prédio do Vasco» e interpretou vários personagens em séries e telenovelas e no teatro, trabalhou e trabalha com Carlos Avilez, Filipe La Féria, Celso Cleto, entre outros.
A sua paixão pela representação nasceu por mero acaso, por atividades extra- curriculares na escola. Um dia experimentou teatro e apaixonou-se completamente, foi então, que decidiu fazer do teatro a sua profissão e hoje é um dos maiores atores portugueses.
Obeso por maus hábitos alimentares, chegou a pesar 130kg e devido ao seu excesso de peso começou a ter problemas graves de saúde: como apneia de sono.
Devido a um acidente de viação muito grave, em que adormeceu ao volante e com sérios riscos de sofrer um enfarte. Deu-lhe um clique e aí percebeu que a obesidade estava a prejudicar-lhe a todos níveis, principalmente na saúde.
Num momento de viragem, perdeu 52 kg e mudou o seu estilo de vida. Esta mudança foi uma por uma questão de saúde, amor próprio e amor à vida.
Hoje em dia, tem cuidados com a alimentação, pratica ginásio e refere que é o único lugar que está completamente sozinho e que tem tempo para ele. Não o pratica para ficar musculado, mas sim porque faz bem à sua mente.
Atualmente, sente-se um Ricardo renovado em que a saúde está acima de tudo. Frisa que o grande segredo na vida e lutar para sermos o melhor de nós e podermos estar com as pessoas que amamos, como a sua filha e esposa.
Nesta entrevista ao Love with Pepper, Ricardo abre o seu coração e fala-nos da relação que existe entre a obesidade e a sexualidade e do esta lhe afetou na sua vida.
Para si o que é a obesidade?
A obesidade é uma doença gravíssima, em que Portugal é o 3º país mais obeso do mundo. É o resultado de maus comportamentos alimentares, de depressões, entre outros. Também existem gordos por doença que e ganham peso devido a doenças, como a tiroide, o que de facto é muito ingrato.
Como surgiu a sua obesidade?
Eu era um miúdo perfeitamente normal, mas devido à situação que vivia com a minha família, desde do meu Pai alcoólico e a minha Mãe sempre com depressões, eu e o meu irmão não tínhamos uma vida facilitada e como tal, não praticávamos desporto, nem fazíamos qualquer tipo de atividades desportivas e então como estávamos sempre em casa a comida era o nosso refúgio. Foi assim que fiquei obeso e o meu irmão também.
Considera que o facto de ser obeso lhe prejudicou na sua carreira como ator?
Sim, a obesidade afeta tudo. É mais fácil um ator magro fazer de gordo, do que um gordo fazer de magro. No meu caso, não me criou problema nenhum, sempre tive e nunca me faltou trabalho em televisão e teatro. Noto que hoje em dia, não existem gordos na televisão e no teatro é uma aversão. Vivemos, um bocadinho, o mundo da perfeição em que temos que aparecer bonitinhos e magrinhos para as redes sociais.
Sentia-se um homem inferior devido ao seu excesso de peso?
Na minha adolescência sofri de bullying, mas sempre me defendi. Apesar de nesta sociedade um gordo não ser uma pessoa apetecível pelo seu aspeto físico e estar ligado alguém de inútil. Então, comecei a ganhar o respeito quando fui presidente da associação de estudantes e a partir daí as miúdas não me largavam. Cheguei a ter muitas namoradas e de certa forma, sentia-me bem como era.
De que forma é a obesidade lhe afetava a sua autoestima?
Afetava-me muito na roupa, em que cheguei a vestir de calças o XXXL, era horrível. Quando tinha que fazer espetáculos do La Féria, obrigatoriamente, a minha roupa tinha que ser feita por medida, usava o tamanho 60 de calças. A minha autoestima de certa forma nunca foi afetada.
A obesidade afetava-lhe a sua performance sexual?
Os gordos são mais prejudicados do que os magros. Evidente que afetava, por exemplo, nas posições sexuais, não se tem tanta flexibilidade e agilidade como uma pessoa magra.
Qual a diferença da libido, do desejo e da excitação do antes e do agora?
O desejo é afetado e quando tinha apneia do sono, devido ao meu cansaço, perdi a libido por completo, porque o meu sono não era reparador. Mas o desejo estava ali porque sempre fui muito aceso no campo da sexualidade.
Alguma vez procurou ajuda antes de mudar o seu estilo de vida?
Sim, procurei algo que me inspirasse, como os ginásios. Mas ajuda, não, porque sentia-me bem e estava feliz com a minha gordura.
Considera que a sua vida sexual melhorou?
Melhorou imenso. Estou mais saudável, tenho mais destreza, sou mais apetitoso, apetecível e não me canso tanto como quando tinha mais peso. Por isso sinto mais confiança em mim.
Acha que as suas relações pessoais e afetivas melhoraram com o estilo de vida que optou?
Claro que sim. Porque quando decides e vives com a certeza do que queres para a tua vida e o caminho que queres fazer ganhas uma confiança em ti. Porque estás confiante com a tua mente, com o teu corpo e confiante nas tuas decisões. Sentes que tudo melhora e na realidade tudo muda.
Como é que sua mulher Bruna Andrade reagiu à sua mudança?
A Bruna apaixonou-se por mim bem gordo e acredito que “o #AMOR não tem #PESO”, e como é obvio fica mais feliz por ter mais saúde e sentir-me bem como estou. Foi uma das primeiras pessoas a dar-me força para eu mudar. Ela diz-me muitas vezes uma frase: “Quando te conheci não conseguia abraçar-te e agora consigo abraçar-te por completo.” e isso é muito gratificante.
No mundo feminino sente que é mais desejado e requisitado?
Claro que sim. Até já me apalparam o rabo, mas isso já faz parte da minha vida.
Lida bem com o assédio e piropos?
Sim. Porque estou muito bem com aquilo que tenho na vida, a minha família e a minha mulher.
Hoje sente-se um homem seguro a nível sexual?
Sim, totalmente.
Sexualmente realizado. Vida feliz. O lema do Love with Pepper, concorda?
A vida não é totalmente feliz só com sexo! Quando perdes peso, tens mais saúde, tornaste uma pessoa mais sorridente, a pele fica mais bonita e levas mais confiança e nas relações sexuais no envolvimento sexual aproxima mais o casal.
Não devemos ver o sexo como uma coisa má e proibida, mas sim, como algo normal e muito importante para a nossa saúde.
O sexo é bom?
Claro que é bom. O sexo tem que ser bom, reinventado, adaptado e um todo. Não devemos ter medo e vergonha em falar de sexo, porque é importante descobrir e experimentar coisas novas, não deixar cair a relação em monotonia. E experimentar algo diferente torna o sexo bom!
Ricardo Castro, Ator
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