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Mitos sobre Sexo


Se existe uma área da nossa vida cheia de mitos e crenças é o sexo. Podia ser mitologia grega, mas tem muito menos piada. Aqui não existem hinos homéricos nem poesia lírica, mas há toda uma Odisseia de crenças que vale a pena dissecar. Juntemos os Deuses do Olimpo, e que eles nos ajudem acabar com os mitos! Tarefa hercúlea?


  • “Existe uma correlação entre a educação sexual e habilidade sexual”, isto é FALSO! A educação sexual atrasa o início da atividade sexual e aumenta o uso do preservativo entre os jovens. Uma boa educação sexual leva cada individuo a iniciar relações sexuais quando se sente preparado, sendo menos influenciado por pressões dos pares. Para além disso, a educação sexual reduz comportamentos de risco, sendo a forma mais eficaz e economicamente viável de evitar dois problemas da nossa sociedade: ISTs e gravidezes indesejadas.


  • “O desejo e função sexual diminuem depois dos 50”, absolutamente FALSO! Apesar de o sexo poder sofrer algumas restrições devido às alterações físicas e psicológicas que surgem com a idade, estas nem sempre perturbam a atividade sexual. A maturidade pode ser uma oportunidade para um sexo mais intimo, livre e relaxado. Para além disso, a aceitação das alterações físicas e uma boa história sexual prévia podem influenciar positivamente a saúde mental à medida que os anos passam.


  • “As mulheres têm menos desejo e demoram mais tempo a atingir o orgasmo”, completamente, FALSO! Não existem estudos que suportem esta premissa, portanto, em teoria, o desejo sexual é igual entre homens e mulheres. O que acontece é que, nas mulheres, o desejo nem sempre surge espontaneamente (pode surgir, por exemplo, depois da estimulação). Isto é normal e não constitui uma disfunção sexual.


  • As mulheres têm diferentes tipos de orgasmos”, afirmação FALSA! Se eu pudesse dar um estaladão ao Freud por este mito seria uma mulher feliz. Veio dizer que o orgasmo vaginal é verdadeiro e o clitoriano pertence as mulheres imaturas. ERRADO! A verdade é que, em termos fisiológicos, só existe um tipo de orgasmo feminino, ele pode é ser alcançado de diferentes formas (estimulação clitoriana, penetração, sonhos eróticos). E podem ser múltiplos, que é ótimo.


  • “A remoção do útero e ovários faz com que a mulher perca o apetite sexual”. Não é assim tão linear. A remoção do útero (histerectomia) não afeta negativamente a saúde sexual da mulher. Geralmente, esta cirurgia até traz uma melhoria dos sintomas (caso da endometriose, prolapso uterino, tumores), o que leva a uma performance sexual igual ou melhor vivenciada antes da operação. Após menopausa, a remoção dos ovários não provoca alterações relevantes. Nas mulheres pré-menopausicas, esta cirurgia induz uma menopausa precoce com alterações hormonais súbitas e algum declínio da função sexual. Nestes casos, poderá ser necessária uma terapia hormonal de substituição.


  • “ O tamanho do pénis influencia o prazer da mulher”. Um clássico! Este mito está perpetuado na nossa sociedade, mas não tem qualquer fundamento médico. Na verdade, a zona mais sensitiva da vagina são os primeiros 2cm, portanto, um pénis com um comprimento de cerca de 6cm (em ereção) pode chegar a estas zonas erógenas.


  • “Ejaculação precoce resolve-se com pensamentos desagradáveis” . Afirmação FALSA! A própria definição de ejaculação precoce não é muito clara e tem sido atualizada. Há classificações que falam em ejaculação que ocorre no primeiro minuto após a penetração. O tratamento pode envolver medicação ou psicoterapia, mas a solução não serão pensamentos distrativos. Se o problema for ocasional, será muito importante explorar estratégias redutoras de ansiedade, por exemplo.


  • “A masturbação é sinal de que há problemas sexuais entre o casal”. FALSO! A masturbação é um ato privado, mas completamente natural e saudável. Traz alguns benefícios tais como maior conhecimento do corpo ( o que melhora a qualidade e segurança do sexo), diminui a tensão sexual, ajuda a relaxar e a manter o interesse na atividade sexual. Dentro de uma relação estável, a masturbação é tao válida como qualquer outra prática e ajuda-nos a conhecer as nossas preferências.

Dra. Mafalda Cruz, Medicina Sexual


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