Madalena Passeiro, de Assistente de Bordo a Artista
Madalena Passeiro, uma mulher de 33 anos que trabalha como assistente de bordo, mas que encontrou na pintura uma das suas grandes realizações pessoais.
Os interesses desta artista abrangem desde da área científica até à mais criativa. Desde criança que é apaixonada pelas Artes, tendo ao longo da sua vida dedicado o seu tempo a diversas áreas como a costura, fotografia, pintura em aguarela, acrílico e óleo, cerâmica e cozinha.
No ano 2020, em plena pandemia devido ao surto de COVID-19, dedicou-se à Pintura abstrata.
Neste percurso, tem experimentado os mais diversos materiais e técnicas de pintura: do óleo ao acrílico, do abstrato à figura humana.
Com esta entrevista Madalena abre o seu coração e diz que nunca é tarde para desistir dos sonhos.
Como se define como Mulher?
Sou uma pessoa criativa, curiosa, trabalhadora e que tende sempre dar o seu melhor em qualquer situação.
Quando é que decidiu entrar no mundo da arte?
Na verdade, não decidi. A arte esteve sempre presente desde criança de forma inata. Apenas decidi publicá-la nas redes sociais, sem qualquer objetivo comercial. Numa altura em que estávamos “confinados” aproveitei para fazer tudo o que gostava e não tinha tempo.
Qual o tipo de arte que faz?
Faço pintura abstrata e utilizo técnicas mistas. Se considerarmos a cozinha como uma forma de arte (que para mim também é), também cozinho.
Quais as suas fontes de inspiração?
Tenho como inspiração as texturas, o mar e montanhas, os tons rochosos e pastel e o corpo feminino. Também me inspira tudo o que é antigo, com “patine”. O desgaste natural do tempo.
Que história a Madalena cria nas suas obras?
A maioria dos quadros que crio são neutros, em que gosto de transmitir boas energias e que tragam luz aos espaços. Muitas vezes faço a associação entre expressões de autores literários e as minhas obras. Recordo-me de uma coleção em que a minha inspiração foi “o que está por baixo da nossa pele” e associei a uma frase do Principezinho – “o Essencial é Invisível aos olhos”.
Como caracteriza as suas obras?
São simples em termos de técnica e cor, não são perfeitas, mas é nessa imperfeição que mora todo o carisma da obra, penso que são fáceis de encaixar em qualquer ambiente.
O que faz sentido quando pinta?
Quando pinto estou completamente abstraída de tudo, foco-me de tal forma que estou só nessa realidade, quase como se a minha cabeça estivesse na ponta do pincel. Por isso tudo faz sentido.
Considera as suas criações artísticas excitantes do ponto de vista intelectual?
Nunca pensei sob esse prisma. As minhas obras são simples, ao mesmo tempo cada um tem o poder de interpretar o que quiser e da forma que quiser. Confesso que já tive algumas interpretações que me surpreenderam e que sozinha nunca chegaria lá.
De que forma a arte inspira o amor e a sexualidade?
A arte só por si é amor. Quem cria é porque gosta. Eu amo criar e isso dá-me imenso prazer, no entanto a sexualidade é inspiradora. Tenho alguns desenhos de mulheres nuas, de corpos “imperfeitos”. Para mim são belos e inspiradores.
De que forma é que aborda a sexualidade e o erotismo nas suas criações?
Pintei alguns nus, são da coleção a que chamei “Ser, Mulher”, são aguarelas com transparências, em que mais uma vez optei por usar cores neutras e pastel que contrastam com algum erotismo na expressão do corpo feminino, corpos com curvas, belos e imperfeitos. Para mim simbolizam a mensagem que todos os corpos são belos, sensuais e naturais.
Se acha e a forma como se expressa através das suas obras, se é uma forma de excitação para si?
Sim, embora não considero a nível sexual, mas nível intelectual sim. Cada obra é um desafio. Realizar algo que idealizei é sempre um desafio.
Além da arte abstrata, que outro tipo de arte lhe desperta?
Gosto de todas as formas de arte desde a mais geométrica à mais orgânica. Embora a fotografia, cerâmica e escultura é outra paixão e fascinam-me muito.
De que forma a arte influencia o seu quotidiano?
Neste momento, a arte está presente no meu dia-a-dia. Quando estou em casa dedico-me
aos trabalhos no atelier. Enquanto viajo aproveito para visitar alguns museus pelo mundo,
o que me inspira muito!
Pesquiso todos os dias artistas, técnicas novas, combinações de cores, fotografias, ambientes,
e assim vou construindo ideias.
Qual a experiência com arte que foram mais importantes para si?
Foi experimentar tinta acrílica, em que foi a grande novidade que me fez começar e nunca e
mais parar!
Nessa altura surgiu também o abstrato, que é um estilo onde neste momento, sinto-me mais
confortável.
Qual o significado e objetivo das peças que cria? Temática?
A criação das minhas peças, são criações com que me identifico. Procuro que transmitam boas
energias e neutralidade. Os dias de hoje estão carregados de informação: passamos por uma pandemia, agora uma guerra, as redes sociais informam-nos de tudo em tempo real e acho que nos faz falta um “vazio confortável”. Gostava que as pessoas chegassem a casa e encontrassem nos meus quadros paz e simplicidade, para que descompliquem o dia-a-dia.
O que pretende provocar no público que contata com as suas criações? Mudar comportamentos?
Criar boas práticas? Ou simplesmente libertar a imaginação e a criatividade do recetor?
O primeiro aspeto que gostava de transmitir é, que para mim, a arte deve ser acessível a todos.
E sim, toda a minha comunicação é feita via IG, penso que tenho a responsabilidade de passar
mensagens positivas! Tento passar valores através das obras que crio.
Tenho vindo a notar que quem compra arte, não compra apenas o “desenho”, mas principalmente mensagem, o que é muito interessante!
Qual a sua opinião sobre a utilização da sexualidade na arte?
Desde os nossos antepassados que a sexualidade é fonte de inspiração. A sexualidade é parte
integrante do ser humano e contribui para o seu equilíbrio como ser biopsicossocial. Assim,
considero importantes os registos artísticos com expressão da sexualidade. Estes refletem a
realidade de cada época. Se a sexualidade dos nossos antepassados era vista como um meio
reprodutivo, nos dias de hoje adota uma pluralidade de formas e sentidos. Considero assim
que a sexualidade e arte estão interligadas e são fonte de inspiração de muitos criadores, refletindo a cada momento a evolução da humanidade.
A arte pode ser um bom afrodisíaco?
Sim pode! A visão do artista ou a interpretação de uma obra podem ser inspirar uma realidade.
Já o artista pode tornar belo o que outrora não era visto como tal surtindo um efeito afrodisíaco.
Madalena Passeiro, Artista Abstrata
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