Kayla Oliveira, a Moda não tem Género
17 de Maio de 2022, Dia Nacional e Internacional da Luta Contra a Homofobia, Biofibia e Transfobia
Kayla Oliveira, modelo, transexual, brasileira, natural de Tamboril - município com aproximadamente 25 mil habitantes, onde deixou a sua cidade e foi trabalhar em telemarketing, para assinar contrato com a JOY Management, de Liliana Gomes e Marcelo Fonseca, agência que lançou a modelo Lais Ribeiro ao estrelato.
Integrou a nova geração de apostas da moda brasileira, esta é a jovem de 26 anos, participou na seleção de modelos The Look of The Year e ficou entre as finalistas da edição de 2018.
Desde então, é estrela de campanhas para moda de alta costura, beleza e acessórios e, no último ano, brilhou nas passarelas do São Paulo Fashion Week, onde desfilou com exclusividade para a marca de moda Misci.
Quem é a Kayla Oliveira?
É uma Mulher feliz!
Considera-se uma mulher romântica?
Sim, considero-me uma mulher romântica.
O seu coração como está?
Super ocupado com projetos e planos focados no trabalho.
Como lida com o assédio de fãs e das pessoas em geral?
Lido super bem, entendo como um carinho que dedicam ao meu trabalho e procuro responder com toda gentileza e amabilidade.
Alguma vez sentiu indignação ou revolta dentro de si?
Já sim, algumas vezes.
Durante todo o processo de autodescoberta, teve apoio de amigos e familiares?
Sim, eu tive muito apoio durante todo o processo.
Com que idade começou a reconhecer-se como mulher?
Desde os três anos de idade eu me reconhecia, mas não entendia completamente a situação.
Quando é que percebeu que podia fazer a transformação?
Quando me mudei de casa e fui morar sozinha.
Com que idade começou a transição?
Comecei mais ou menos aos 19 anos.
Como se sentia antes da transição?
Sentia-me da mesma forma que hoje em dia, em que nada mudou em relação ao que sinto e aos meus sentimentos.
Como é que os seus familiares e amigos reagiram?
Todos reagiram super bem desde o princípio.
Conseguiu mudar seu nome no registo? Como foi o processo?
Sim, já consegui mudar meu nome no registo. Hoje em dia é algo simples, considerando os meios atuais.
A nível emocional, sente que sofreu alguma mudança com a transição? Quais são as diferenças antes e depois?
Não, continuo a mesma pessoa antes e depois, apenas com alguns traços mais femininos.
Qual o momento mais difícil durante a sua transição?
Tive receio do meu irmão mais novo não me reconhecer após a transição, já que não morávamos juntos na época.
Como é ser uma mulher transexual no Brasil?
Ainda é muito arriscado e perigoso. Exige muito sacrifício.
Hoje ainda sente preconceito quando sai à rua?
Eu não sinto tanto preconceito pois tenho o privilégio que chamamos de "passabilidade".
Mas, quando ando com amigas que não tem a mesma situação que eu, sinto sim um enorme preconceito.
Sente que no Brasil existem condições para ajudar pessoas transexuais, por exemplo, a nível de apoio psicológico e outras necessidades?
Não, infelizmente este tipo de suporte é muito raro.
Há apoio do estado/governo em relação a oferecer cirurgia de resignação? Qual o valor?
Sim, mas é bem difícil o acesso a todos. Custa o valor de um carro.
Qual a maior dificuldade no dia a dia como mulher transexual?
A maior dificuldade é a falta de respeito.
Em algum momento se arrependeu da transição de identidade de gênero?
Não, nunca criei esse estado dentro de mim.
Ser transexual afetou a sua orientação sexual?
Não, de todo.
Sente-se mais confiante agora?
Sim, hoje sinto-me mais confiante.
Já sofreu algum tipo de preconceito por ser quem é, e pelo caminho que teve que passar?
Sim, já sofri sim e infelizmente é algo que não vai acabar tão cedo.
Sente que os jovens da nossa sociedade tem uma melhor aceitação em relação ao Vosso género?
Nos meios que convivo, sinto que estão mais abertos, pois conseguem aprender muito comigo e outras mulheres trans, o que de facto é muito importante.
Que conselhos daria para quem está numa situação idêntica à sua?
Ter calma, força e procurar melhores caminhos e jamais deixar de ser quem você é!
Que conselhos daria aos pais que têm filhos trans?
Não os abandone, que procure os entender e compreender e acima de tudo, amar seus filhos de forma incondicional.
Qual foi o maior ato de amor que alguém fez por si?
A aceitação.
O amor vence o preconceito?
Sim! O preconceito só existe por falta de se colocar no lugar do outro, e esse ato só é feito por quem tem amor.
Kayla Oliveira, Modelo
Instagram: Kaylago_
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