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João Rodrigues, o Ativismo pela Deficiência


Como se define como Homem?


Sou um homem normal, apesar da minha limitação física, faço o bem e considero-me uma boa pessoa.

Penso que sou romântico, embora não seja ciumento, porque o ciúme não leva a lado nenhum, como muitos casais, famílias e amizades vivem disso, o que não traz nada de bom.


Como é viver o amor nesta condição?

Considero que seja semelhante vivê-lo numa outra condição qualquer, em que passamos pelas

mesmas alegrias, tristezas e que cada um independentemente de ter ou não uma deficiência terá dificuldades.


Acredita no amor verdadeiro?

Penso que ele exista, julgo que as pessoas com deficiência, acabam por crescer e viver numa sociedade que os exclui demasiado. Assim sendo, a dificuldade em encontrar o amor ou alguém se torna difícil.

A integração na sociedade é difícil, porque esta ainda nos vê como crianças e tenho noção que para uma mulher com deficiência ainda é pior que um homem.


Como está o seu coração neste momento?

Está preenchido de bons sentimentos, com uma Mulher na mesma condição que eu e que o amor suplanta a nossa relação.


Tem o desejo de ser pai?

Sim, se a oportunidade se proporcionar.


Qual o seu maior ato de amor?

O maior ato de amor é a soma daquilo que acontece todos os dias.


Nunca se sentiu revoltado devido à sua situação clínica?

Claro que sim, julgo que todas as pessoas com deficiência têm este sentimento. E na adolescência quando eu via os meus colegas fazer em atividades que eu não conseguia, era uma revolta.

Mas à medida que crescemos, a realidade é outra, focamo-nos em viver o hoje, a vida é um dom e a revolta só existe devido às fracas condições de acessos para as pessoas com deficiência e A sociedade olhar e tratar a deficiência de uma maneira diferente através da pena e do desprezo.



Como encarou e como lida com esta realidade?

É a minha realidade, tenho que a aceitar e consequentemente saber lidar com ela, como cada um de nós tem que lidar com a sua.

Obviamente que uma pessoa com deficiência, a realidade é bastante diferente, e pode ser complicada, porque o mundo não está preparado para pessoas diferentes e temos de lidar com esta realidade e lutar pelos nossos direitos, daí a minha entrada no Ativismo dos Direitos com Pessoas com Deficiência.


Como foi a sua primeira vez?

Foi um momento único, não foi muito diferente da primeira vez com uma pessoa sem deficiência.


Como é vivida a sexualidade, visto que a sua companheira também tem uma deficiência?

É diferente do comum, mas não deixa de ser bom e sexo não é apenas penetração.


O seu desejo sexual manteve ou alterou?

Mantêm-se, não sou assim tão velho! (risos)

Alguma vez sentiu desprezo ou pena no olhar de uma mulher quando O viu nesta situação?

Não, pelo menos em pessoas que tivessem interesse.


Alguma vez foi rejeitado a nível amoroso devido à sua condição física?

Penso que não, mas lá está não sei o que se passa na cabeça das mulheres! (risos)

Se eventualmente, tivesse acontecido não teria sido pela minha deficiência, mas diretamente nunca o senti, nem nunca ninguém me disse.


Alguma vez procurou ajuda de um terapeuta a nível sexual?

Ainda não, porque as condições em Portugal ainda não permitem. Tenho conhecimento que em Espanha tem terapeutas com conhecimento para nos ajudar a nível sexual, como por exemplo: a figura de assistente sexual que vem ter com as pessoas quer sozinhas, quer acompanhadas para ajudar no que é preciso fisicamente (posicionar), no nosso país ainda não é muito falado, mas existe que defenda a criação desta figura.


Alguma vez algum profissional de saúde abordou o tema sexualidade consigo?

Não que me recorde, mas acho que devia ser um tema abordado com qualquer pessoa quer com ou sem deficiência.


O que é que uma mulher precisa de ter para ser uma companheira ideal para si?

Tem que existir química, dar o click, mas não dá para explicar esta questão.


Acha que a nossa sociedade feminina está preparada para lidar com a diferença?

Não sei, pois não tenho tantas experiências para dar uma opinião mais global. Considero que as mulheres, nesta altura, estão mais preparadas, e aos poucos vão percebendo que existem pessoas diferentes que também amam, sentem e aquela humanização está a mudar.


Como se protege/lida e gere a olhares preconceituosos e olhares que possam surgir?

Apenas ignoro e quando isso acontece, até faço piadas na minha página do Facebook “O Deficientezinho”.


Considera que ainda existem tabus em relação a quem mantém relacionamentos amorosos que têm défices

motores?

Existem muitos, e por vezes até as famílias têm receios e medos, daquela pessoa se juntar com um deficiente. Mas hoje em dia existe um assistente pessoal, que é uma figura que recentemente está num projeto piloto, para serem assistentes pessoais de pessoas com deficiência, isso significa que estas fazem tudo que seja necessário fazer. Eu tenho uma assistente pessoal que me ajuda no meu dia a dia, sendo uma forma de combater o mito que uma esposa tem que cuidar do marido com deficiência e vice-versa.


Acha que o humor/ boa disposição ajuda a encarar melhor a sua realidade?

Claro que sim, não só me ajuda a mim, como ajuda outras pessoas. O contar histórias com humor sobre a minha realidade num grupo de amigos, eles percebem ao mesmo tempo que estou uma piada engraçada, instruir e ter uma perceção e informação do que é a vida de uma pessoa com deficiência, aí passo a mensagem com a minha boa disposição e torno os problemas mais ligeiros e mais leves.


O amor vence o preconceito?

Vence, deve vencer e se não vencer é pena!

João Rodrigues, Programador Informático


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