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José Belo, um Pai que marca a Diferença com a Diferença



21 de Março de 2023, Dia Mundial da Síndrome de Down ou Trissomia 21


José Belo, nascido em Lisboa, engenheiro civil e desportista, vindo de uma família tradicional e católica. É também Pai de três filhos: o João, a Helena e uma menina muito especial, a Leonor que tem Trissomia 21.


Casou-se com 30 anos, com Helena a Mãe dos seus três filhos. Nesta família nunca faltou cumplicidade, compreensão, união e sobretudo amor.


Quando teve conhecimento que a bebé Leonor ia nascer com um cromossoma mais, entrou em choque, mas apesar de tudo contou a todos os amigos e familiares. Com o nascimento de Leonor, Helena passou a dedicar a maior parte do seu tempo a esta filha.


José e Helena são uns excelentes pais: atenciosos, dedicados e muito envolvidos na educação dos filhos. Estes pais excecionais nunca falharam com nada na educação e na estimulação da sua filha Leonor e envolveram-se na luta pela inclusão das crianças portadoras de Trissomia 21.


Referem que Leonor foi uma bênção que entrou nas suas vidas.


Nesta entrevista ao Love with Pepper, este Pai conta-nos o quanto tem sido desafiante o seu percurso com a sua filha Leonor, que atualmente tem 19 anos. Considera que a palavra chave para esta aprendizagem é o Amor.


Como define a palavra Amor?

O Amor é um sentimento tão forte que deve ser bem cuidado para nunca deixarmos de ser felizes.


Quais as particularidades que valoriza Leonor?

As particularidades da minha filha são o facto de ser uma menina super especial, com muito amor para dar a toda a gente, para ser muito amada, adorada e acolhida por todos nós. Um Amor que só nos trouxe alegrias e felicidade.


Como é a Leonor com os amigos fora do contexto familiar?

Leonor é uma menina muita autónoma e dinâmica. Ao longo destes anos, já passamos por várias fases e temos que estar preparados para lidar com a diferença. Posso dizer que a Leonor entrou para a escola primária já sabia ler e escrever e esse fator fez com que as pessoas se adaptassem facilmente a ela e fez com que tivesse muitos amigos.

A partir dos 12 anos ela deixou de ter vida social com os amigos de escola porque já não eram tão infantis quanto ela e nessa altura ela refugiou-se muito na família. Entretanto agora nesta fase mais adulta ela tem amigos como ela, com Trissomia 21, também estimulados e desenvolvidos e isso faz com que ela esteja bem.


Sendo Pai e a Leonor uma menina, alguma vez falou ou explicou a Leonor assuntos relacionados com a sexualidade?

Não, nunca tive e a Mãe também nunca teve essa iniciativa. Os únicos assuntos que abordamos com ela foram os perigos da internet. Embora eu admita que temos que encontrar ajuda no terapeuta que acompanha a Leonor desde muito pequena.


Considera que ainda existe muito tabu na área da educação sexual e em relação à sexualidade na deficiência?

Sim, embora também exista tabu na sexualidade sem deficiência. Considero que hoje em dia estas crianças com deficiência estão menos preparadas porque não têm filtros, e com as novas tecnologias estas não se apercebem das diferenças dos perigos que são maiores nesse campo.


Alguma vez a Leonor lhe colocou alguma questão que ficou sem resposta?

Até ao momento não. A única conversa que teve comigo foi superficial a contar que tinha um namorado e a partir daí temos de estar mais atentos.


Em que fase ou idade teve a perceção de que entendia a sexualidade da sua filha?

A única noção que ela tem neste momento é que os rapazes dormem com as raparigas. Mas sobre o próprio ato sexual e este como funciona, sobre o envolvimento físico, isso não tem noção.


Alguma vez a alertaram ou sensibilizaram para as mudanças pelas quais a sua filha ia passar na adolescência?

Sim, a Mãe teve várias conversas com ela eu, como Pai tradicionalista, sempre fui muito conservador e deixei isso para a minha esposa, mas estive sempre muito atento.


Sendo a Leonor uma menina muito jovem alguma vez ela falou que estava apaixonada?

Sim, disse-me que tinha um namorado e achei piada porque acho que ela está a gerir a relação de uma forma bastante adulta e responsável, no sentido da sexualidade. Digo isso porque ela disse que o namorado lhe ligava todos os dias e queria estar sempre com ela e expressou que queria muito o espaço dela.


A sua filha já mostrou interesse sexual?

Não.


Como vê o namoro da Leonor?

Reagi muito bem e fiquei muito feliz quando tive conhecimento que ela namorava. A Leonor precisava de estar com pessoas da idade dela, nos últimos anos ela estava muito ligada à família e tentávamos por tudo para que ela conseguisse fazer amizades e não conseguíamos. Desde que apareceram o Francisco e a Carol, nós ficamos muito contentes.


Se a Leonor casar, como vai reagir?

Ficaria muito feliz e adoraria, mas tem que ser tudo muito bem organizado com os pais dele, pois admito que eles não seria totalmente autónomos. Teria de ser tudo muito bem planeado e estruturado para que corresse bem.


Encara a possibilidade da sua filha poder vir a ter filhos?

Ainda não pensei nisso.


Quais são os maiores receios que sente em relação ao domínio sexual e afetivo da sua filha?

Gostava que tudo acontecesse de uma forma natural e que a sexualidade não fosse mal usada nem mal gerida. Que o bom não se torne no mal e que a Leonor consiga lidar com isso, e que tudo tenha o seu tempo.


O Amor vence o preconceito?

Vence, e sem dúvida é a base de tudo. Quando há Amor e Respeito o preconceito deixa de existir.


José Belo, Engenheiro Civil


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