Irene Adão e os Obstáculos de uma Maternidade Jovem
Irene Adão, uma jovem de 24 anos, natural de Barcelos, que nunca desistiu de Si nem dos seus sonhos.
Esta jovem foi Mãe aos 17 anos. Apesar dos receios devido à sua maternidade jovem, seguiu em frente, com o apoio incondicional da família e do seu namorado, na altura, hoje seu companheiro.
Irene salienta que os seus pais são os pilares fundamentais na sua vida, e não consegue passar um dia que seja sem falar com a sua Mãe, porque ambas têm uma ligação muito forte.
Apesar das adversidades da vida frisa que os seus filhos e o meu companheiro são um todo e que a base de tudo é o Amor. Refere que a construção de uma família foi um sonho tornado realidade.
Nesta entrevista ao Love with Pepper, Irene fala-nos de como foi enfrentar uma maternidade jovem e dos obstáculos que esta lhe colocou.
Como defines a palavra amor?
O amor é a base fundamental da vida. Se não se fizer nada com amor, para mim não faz sentido, porque este é confiança, desejo, respeito, dedicação, amizade e acima de tudo é olhar nos olhos do outro e conseguir perceber o que o outro está a sentir ou a pensar, este sim, é o verdadeiro “poder” do amor.
Como conheceste o teu companheiro?
Conhecia-o de frequentar a mesma escola que eu. No entanto, como ele mudou de escola nunca mais o vi, nem falei com ele. Numa saída à noite com uma colega, em frente ao portão da escola com um grupo de amigos em comum, recordo-me que trocamos olhares e que se deu um clique. Na altura até fiquei envergonhada. Depois dessa noite recebi uma mensagem dele e a partir daí começamos a falar e a namorar.
Foi amor à primeira vista?
Sim, foi amor à primeira vista. É irónico como é que andamos a cruzar-nos durante anos na mesma escola e só depois de ele ter saído de lá, e numa saída à noite, que para mim era algo completamente improvável e que nunca me passou pela cabeça, conhecermo-nos e sermos o que somos hoje um para o outro. Porque naquela noite bastou uma troca de olhares intensa e o sentimento foi mútuo e sentido.
Como foi a tua primeira vez?
A minha primeira vez foi uma mistura de sentimentos. Tinha ainda alguns medos e receios, mas, por outro lado queria muito estar com ele e entregar-me a alguém que realmente amava. Contudo, foi um momento único, mágico e muito especial.
Como reagiste quando soubeste que estavas grávida aos 17 anos?
A minha reação numa só palavra, pânico. Tive muito medo e receio daquilo que podia vir acontecer na minha vida, todas as mudanças que iria implicar ter um filho aos 17 anos. A reação dos meus pais, foi a minha maior preocupação com o receio de os desiludir.
Alguma vez pensaste em fazer o aborto?
Sim. Pensei em abortar, pelo medo que tinha relativamente aos meus pais. Não lhes queria contar e achava que se o fizesse, eles nunca iriam ficar a saber de nada e, assim eu não sentiria que os tinha desiludido.
Como reagiu a família?
Para ambas as partes inicialmente foi um choque. Depois, com o passar do tempo, interiorizaram bem a situação e foram a nossa maior ajuda no que diz respeito à educação da nossa filha. Respeitaram sempre as nossas decisões como pais e sempre foram e são o nosso suporte enquanto família.
E o teu companheiro?
A reação dele foi de pânico, tal como a minha, mas sim, sempre me apoiou e assumiu o seu papel fundamental de Pai.
Como reagiste quando viste a Iara pela primeira vez?
Quando vi a minha filha pela primeira vez senti uma felicidade e uma emoção tremenda. O ser Mãe é um sentimento único e naquele momento fez um clique em mim. Tive a plena noção e consciência que me mudou e transformou muito como mulher. Hoje sou muito mais madura. A maternidade despertou em mim um outro amor, um amor que não consigo descrever. Também me fez perceber aquilo que realmente é mais importante na minha vida: a minha Filha, e também este que vem agora a caminho.
Quais foram os obstáculos da maternidade jovem?
No momento, em que se é mãe aos 17 anos, a maior parte da nossa sociedade vai achar que não tens capacidade de o ser. Senti isso por parte de muita gente. Sempre disse para mim mesma, “não sou menos mãe que as outras por ser menor”. Passei por um início de maternidade atribulado, porque a minha filha esteve internada cerca de um mês, e parecendo que não, isso contribuiu muito para eu mostrar a mim mesma que ia conseguir ser uma boa mãe para a minha filha. Apesar de muitas dúvidas que sentia porque não sabia se estava a fazer sempre o correto ou não. Mas quando assim era, eu procurava esclarecer as dúvidas com a minha mãe. Portanto, acho que os meus maiores obstáculos foram o medo de fazer algo errado e o não saber lidar com os olhares de julgamento de pessoas alheias.
Quais as alterações que sentiste no campo sexual, na fase pós-parto?
Por incrível que pareça as alterações que senti a nível sexual foram bastante positivas. Comecei a sentir muito mais desejo.
De que forma a tua autoestima foi afetada?
Nunca tive uma autoestima elevada, depois da gravidez piorou e bastante. Emagreci muito e não gostava do meu corpo. Batalhei muito para começar a sentir-me um bocadinho melhor comigo mesma.
Depois do nascimento da Iara, alguma vez a vossa relação enfraqueceu?
Todas as relações têm os seus altos e baixos, não considero que a minha relação tenha enfraquecido, mas teve uma altura menos boa motivada pela depressão pós-parto que sofri depois do nascimento da Iara. Felizmente, conseguimos ultrapassar isso, porque sempre tive o apoio incondicional do meu companheiro e da minha família que me ajudaram nessa fase menos boa.
Passados 8 anos, tu já com 25 anos, ainda jovem, e vem o segundo filho a caminho. Como reagiste à tua segunda gravidez?
Fiquei muito feliz por saber que estava grávida novamente, até porque foi algo que os dois desejamos muito. É a altura certa de vir mais um rebento para a nossa família. Confesso que também estou com algum receio e muito medo por não querer passar o que passei depois do nascimento da Lara.
Na tua opinião o que é mais importante numa relação: o amor ou o sexo?
Os dois, porque para mim não existe um sem o outro e quando se tem uma relação onde existe sexo com amor é a melhor sensação do mundo.
O amor vence?
Sim, sem dúvida. O verdadeiro amor vence sempre.
Irene Adão, Empresária
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