Gonçalo de Oliveira, Pai Pra Toda a Obra
- LoveWithPepper
- 19 de mar. de 2023
- 4 min de leitura
19 de março de 2023, Dia do Pai
Gonçalo de Oliveira, 42 anos, natural de lisboa, casado, ator, repórter, produtor, um homem de mil funções, para além disso é Pai e apaixonado pela vida.
Ressalta o que define a Família é sempre, e só, o AMOR!
Salienta que assumir a sua homossexualidade foi um processo muito difícil, porque fazia parte de um grupo religioso e, na altura, devido à sociedade e aos costumes em vigor à época era impensável um homossexual constituir família. Ser Pai foi um desejo que o acompanhou ao longo da vida.
Em 2016 iniciou um processo de adoção como homem solteiro e homossexual e em 2018 chegou o seu filho Duda.
Hoje dia 19 de Março, faz dois nos que o criou o blog Pai Pra toda a Obra, um blog de com dicas e experiências no mundo paternidade e também conta a história amor, de (re)encontro, de um pai e de um filho que nasceram para se encontrar.
Este filho, o Duda foi adotado aos 4 anos, com uma história para um dia contar, veio uma criança cheia de personalidade, com as suas dúvidas, medos, mas sobretudo veio para receber AMOR.
Atualmente, junto com o seu marido está noutro processo de adoção, à espera do segundo filho.
Este homem é Pai de um ser muito especial que tenta distribuir e deixar a marca do amor por onde passa.
Nesta entrevista ao Love with Pepper, Gonçalo fala-nos na mudança da vida dele aos 37 anos e como é amar incondicionalmente o seu filho, sendo um Pai homossexual mas iguala-se a quantos outros.
Para si o que é ser homossexual?
Como eu tenho uma visão muito positiva da vida, ser homossexual é ser uma pessoa igual às outras com desafios diários e que tenta mudar mentalidades na sociedade em que vivemos.
Desde que idade começou a perceber a sua homossexualidade?
Assumi por volta dos 17/18 anos, mas posso afirmar que sempre tive essa consciência, porque as evidências estavam lá, desde de muito cedo. No entanto, escondi porque durante a minha infância ainda não havia a informação que se tem hoje e a nossa sociedade também não tinha abertura que tem nos dias de hoje.
Como foi assumir a sua homossexualidade?
Foi muito difícil posso dizer que foi horroroso, porque fazia parte de um grupo religioso, era Testemunha Jeová por minha opção. Quando assumi a minha homossexualidade implicava abandonar a minha fé, afastar-me de muitas pessoas que para mim significavam muito e tinha a consciência que ia correr muitos riscos. Assim, tive que aprender a proteger-me e a conhecer um mundo novo com o apoio incondicional da minha família.
O que é ser Pai?
É o melhor que nos pode acontecer na vida! (risos) Ser Pai é passar o resto da vida na dúvida e a tentar fazer sempre o melhor. É amar incondicionalmente e entregarmo-nos totalmente àquele filho.

Quando é que pensou na adoção?
A minha vida toda. Tudo indicava que ia ser Pai solteiro e acabou por acontecer. Mesmo que a nossa sociedade não estivesse preparada para um homossexual que pudesse vir a ser Pai. Mas nunca tive dúvidas que acontecesse.
Quais foram as suas imposições na adoção?
Aceitava uma criança de qualquer género, etnia, até aos 8 anos e que não tivesse deficiências físicas ou psicológicas graves.
Quanto tempo demorou a adoção? Como foi o processo?
Demorou 2 anos e meio, pois durante 6 meses de estudo de candidatura com uma formação prévia e fiz as formações A, B e C durante o estudo da candidatura. A formação C foi no ano antes do Duda chegar.
O fato de ser homossexual limitou o processo?
Nada, foi indiferente.
Como foi o primeiro encontro?
Foi mágico, tal como, quando nasce uma criança biológica, foi o fim de um ciclo e o início de uma nova vida. Percebi que durante os meus 37 anos de vida preparei-me para o Duda e que naquele abraço compreendi que tudo iria mudar para melhor. Ali ia começar uma nova vida para melhor com muito amor para dar.
Considera que a referência feminina é importante para a educação desta criança?
Todas as referências são importantes na educação de uma criança. Há um provérbio africano que gosto muito, porque diz que para educar uma criança é preciso uma aldeia, e, de facto, o meu filho tem o privilégio de ter presente influências masculinas e femininas na sua vida. Além de que, não falta Amor. O amor não tem género e é um bem universal, gratuito, disponível para a humanidade. Felizmente, o Duda tem muito Amor mesmo não tendo Mãe.
Do que tem receio na educação do seu filho?
Tenho todos os receios que tem uma família qualquer! (risos). O meu filho não é meu. Quando digo isto, refiro porque não tenho qualquer tipo de pertença às pessoas, nós pais, temos que deixá-los voar e serem livres, saber protegê-los para que sejam felizes.
Que estereótipos e preconceitos desafiam, nos dias de hoje, uma família homoparental?
O maior desafio é que existe sempre uma necessidade de justificar que a minha família é homoparental, o que torna aborrecido.
O que faz falta para cumprir no caminho da homoparentalidade em Portugal?
Devemos trabalhar o mundo para que fique mais colorido, com mais cor e menos cinzento. Falta legalizar a gestação de substituição (conhecida como barriga de aluguer), acelerar a lei de PMA (procriação medicamente assistida) que está a demorar, a meu ver, é o que falta fazer e cumprir.
Como acha que a nossa sociedade vê adoção gay?
Vê como um ato heróico de se ter um filho.
O amor parental tem género e orientação?
Claro que não.
O amor vence o preconceito?
Sim, quando se vive em amor, este, acaba por vencer tudo e até o preconceito.
Gonçalo de Oliveira, Ator e Repórter
Autor do Blog: Pai para toda a obra
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