Endometriose – Atingimento o Aparelho Urinário
A Endometriose afeta 1 em cada 10 mulheres e pode atingir o aparelho urinário.
É uma doença caracterizada pela presença de tecido endometrial (que reveste no interior do útero) fora da cavidade uterina.
Implantes na pélvis e abdómen são os mais frequentes.
Os implantes de endométrio fora do útero também respondem às alterações hormonais do ciclo menstrual, mas ao contrário do endométrio uterino que sai na menstruação, os implantes intra-abdominais ficam retidos causando inflamação e fibrose.
Pode atingir o aparelho urinário?
Sim! Até 5% das mulheres com endometriose têm atingimento do aparelho urinário.
Quais os sintomas?
Bexiga:
Dor pélvica cronica;
Frequência e urgência urinarias;
Dor/ardor a urinar;
Sangue na urina (pode ser mais acentuado na altura da menstruação)
Ureter:
Dor lombar crónica;
Cólica renal;
Pielonefrites
Uma nota é que cerca de 50% das mulheres não tem qualquer sintoma!
Os sintomas não específicos de endometriose, podem ser confundidos com outras patologias (infeções urinarias, bexiga hiperativa, cancro da bexiga, cólica renal por litíase).
Por isso, pode haver um atraso de vários anos no diagnóstico.
Este atraso é especialmente grave se o ureter estiver envolvido, pelo risco de perda de função do rim.
Como se faz o diagnóstico?
Para além da história clínica e exame físico, podem ser necessários os seguintes exames:
Ecografia;
Uro-TC;
Ressonância Magnética;
Cistoscopia
Diagnóstico Definitivo:
Exploração cirúrgica ( laparoscopia, endoscopia com biopsias da bexiga/ureter)
Estudo histológico
Qual o tratamento?
Médico
Cirúrgico:
Bexiga: Resseção transuretral da bexiga; Cistectomia parcial (remoção da parte da bexiga).
Ureter Colocação do cateter duplo ou nefrostomia percutânea; Ureterólise; Excisão do ureter terminal e a reimplantação na bexiga.
Se não soubermos que esta patologia existe e que pode ter várias formas de apresentação dependendo dos órgãos envolvidos, nunca colocamos como hipótese de diagnóstico, o que leva a um atraso na identificação e tratamento da doença, com a consequente sofrimento por parte da doente.
Espero que esta informação seja útil para muitas mulheres.
Dra. Maria José Freire, Urologista.
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