Diogo de Abreu, o Luto e a Superação
Diogo de Abreu, 61 anos, é hoje um Homem tranquilo que encara a vida com um sorriso e com a gratidão de quem já viveu intensamente. Hoje Diogo agradece todos os dias pelo maravilhoso dom da vida. Procura ser feliz, à sua maneira. Pai de um casal, foi sempre um Homem lutador, quer a nível profissional, quer a nível pessoal. Reconhece que os filhos são a sua razão de viver e o maior valor que tem. Perdeu o grande Amor da sua vida aos 38 anos e refere que não há amor com o primeiro. Há quem o descreva como bipolar, mas não o é!
Nesta entrevista, Diogo de Abreu abre o seu coração mostra-nos a sua força de viver e explica-nos como foi ultrapassar algumas das difíceis etapas da vida.
Como conheceu a sua esposa?
Conheci-a de uma forma natural. Ela cantava no grupo coral da freguesia onde eu vivia. Os meus amigos também o faziam! E então fomos apresentados e assim começou a nossa história!
Quantos anos esteve casado?
Estive casado oito anos, depois divorciei-me e, passados oito anos, voltei novamente para casa. Dois anos e meio depois, ela acabou por falecer, trinta e três anos com uma Pleurocardia (pneumonia galopante).
Foi amor à primeira vista?
Não.
Se tivesse que definir a Sua mulher como a definiria?
Uma grande Mulher.
Como era a Vossa interação a nível sexual e amoroso?
Era fantástico e foi muito marcante, completávamo-nos um ao outro.
Qual dos dois apimentava a relação?
Os dois, engraçado que eramos bastante ativos!
Quem era o mais romântico e o mais ciumento?
No meu ver não existia ciúme, isso não entrava na nossa relação que era muito forte. Ambos eramos românticos o quanto baste!
Sentia que a sua companheira era para a vida?
Sentia e sinto, porque não há dia nenhum que não pense nela.
Como é que se recebe e se gere a notícia de que o nosso grande Amor não está bem e quais são os pensamentos que vêm à cabeça?
No caso dela a pneumonia é uma pneumonia galopante, portanto foi uma questão de horas.
Não tínhamos noção e foi muito complicado porque ela tinha ido a cinco médicos diferentes numa semana e não lhe foi diagnosticada a tal pneumonia galopante. Aquilo quando evoluiu, já não existia salvação possível! Foi grande um choque! Vai-se gerindo os pensamentos…
Como foi viver os dias mais difíceis ao lado dela?
Ela era uma guerreira, não demonstrava dor, mas como a doença se desenvolveu tão rapidamente, não existiu um longo sofrimento! Foram muito dolorosos e penosos esses dias!
Nesse tempo de espera o que foi mais doloroso para si?
Não tive tempo para pensar, foi fulminante.
Conseguiu despedir-se dela?
Não.
Como foi receber a notícia da partida dela?
Chocante.
Agarrou-se à fé?
Quando sinto necessidade de me dirigir alguém, dirijo-me a ela, vou a cemitério. Acredito que existe alguém superior a nós de certeza absoluta, mas tenho a noção de que sou eu que tenho de dar a volta por cima!
Com é lidar com a ausência do toque dos cheiros e dos gestos?
No início foi muito complicado, cheguei a refugiar-me no álcool. Com o tempo, passados mais ou menos três anos conheci outra pessoa com que aprendi a gostar de novo de alguém. Ainda mantenho esta relação.
Quanto tempo levou a cair na realidade?
Bastante tempo.
Teve algum acompanhamento psicológico após a perda da sua companheira?
Não.
Como encara o dia a dia após a realidade que a vida lhe pôs a prova?
Finalizou de uma forma um pouco complicada, pois cometi uma tentativa de suicídio alguns anos atras. Hoje assumo que é foi um ato de cobardia! Foi como fugir a realidade, mas na altura não pensava em nada só pensava em praticar o suicídio.
Alguma vez sentiu revolta por esta perda tão súbita?
Não considero revolta, tive que aceitar e encarar a realidade, porque se essa revolta estivesse comigo não conseguia viver e daí ter a tentativa de suicídio.
Sendo jovem um jovem de 38 anos, quanto tempo demorou a encontrar um novo relacionamento?
Passado dois anos e a nossa relação permanece há vinte e dois anos. Com ela reencontrei o equilíbrio, o meu ponto seguro.
Acha que, aos 60 anos, ela é a sua companheira para a vida?
Acredito que o seja, embora tenhamos tido fases menos boas. Sou-lhe muito grato e respeito-a pelo que ela fez por mim. Aprendi a gostar dela.
O que passou a valorizar mais na vida que não valorizava?
Reconheço que só comecei a valorizar a vida há cerca de sete anos atrás.
Como se faz o luto de quem se ama?
Com o tempo e com muito amor.
O amor ajuda a ultrapassar os percalços da vida?
Considero que o amor é uma boa receita e um bom medicamento para tudo, porque não faz mal a ninguém amar e ser amado e dar o melhor que temos.
Diogo de Abreu, Empresário
Até te Babas , loja das Bolas de Berlim , Vila Nova de Famalicão
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