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Diminuição da Libido no Pós -Parto


Onde está a libido?

Estou num período pós parto e por isso esse assunto interessa-me bastante. Mas não devia ser só a nós Mulheres! É muito mais fácil para todos quando os homens também estão informados.


As minhas considerações sobre o tema são:

  • Em primeiro lugar, muita calma! Temos que ter noção que todas as alterações são extremamente comuns, são expectáveis e decorrem de mudanças típicas deste período. É o caso das alterações hormonais e o grande declínio de estrogénios e progesterona, que são hormonas importante para o desejo e lubrificação sexual.

  • É preciso também percebermos que estas alterações são passageiras. Se não forem, não hesitem em procurar ajuda de um profissional e saúde.

  • Importantíssimo nesta fase: partilhar tarefas domésticas e pedir ajuda no sentido de aliviar a carga (falo também na carga mental) diminuir os níveis de ansiedade.

  • Não é só a libido que se altera. Poderão existir outras disfunções sexuais tais como diminuição da excitação e alterações/ausência de orgasmo.

  • No caso de não sentirem nenhuma destas alterações, está tudo bem na mesma.

  • Tirem dúvidas com o vosso medico de família ou ginecologista. Apenas 30% das grávidas recebem informações sobre sexualidade neste período. É muito pouco e é responsabilidade dos profissionais informar-vos, mas não tenham receio de perguntar.

  • Por último, e não menos importante, envolvam o parceiro neste assunto. Digam o que sentem e o que preferem, de forma a passar por tudo isto da forma mais positiva possível.

Desejo sexual hipoativo no Pós-Parto


O que é?


A diminuição da libido ou desejo sexual hipoativo manifesta-se geralmente de 3 formas:

  1. Redução ou ausência do desejo sexual espontâneo (pensamentos sexuais ou fantasias)

  2. Redução ou ausência de desejo sexual após estimulação

  3. Incapacidade para manter desejo sexual ou interesse após iniciar a atividade sexual

Estas alterações ocorrem de uma forma intermitente ou permanente, durante vários meses e causam sofrimento pessoal.


Porque acontece?

  • Dispareunia (dor): associada ao trauma perineal. A realização de episiotomia não parece ter impacto significativo na função sexual após

  • Disfunção do pavimento pélvico (por exemplo: incontinência urinária ou fecal)

  • Alterações hormonais: Diminuição drástica dos níveis séricos de estrogénio (importante para a lubrificação vaginal e libido), e progesterona (excitação)

  • Amamentação: o aumento dos níveis de prolactina causa secura e elasticidade vaginal. ( É fortemente aconselhada por organizações pediátricas e obstétricas)

  • Alterações da imagem corporal

  • Fadiga

  • Receio de acordar o bebé

  • Adaptação às novas responsabilidades de parentalidade.

Considerações sobre a via de parto

  • Parto por via cesariana parece favorecer a recuperação da função sexual devido à menor taxa de trauma do pavimento pélvico e lacerações

  • O parto vaginal instrumentado correlaciona-se com maiores taxas de disfunção sexual

  • 1 ano após parto, estas diferenças deixam de ser significativas.


No entanto, os achados da literatura são controversos! Faltam estudos prospetivos que permitam esclarecer melhor esta questão.


Durante quanto tempo?


Varia de pessoa para pessoa!

  • As disfunções sexuais pós-parto têm uma prevalência de 40-83% nos primeiros 3 meses;

  • De acordo com a literatura, geralmente não melhoram durante os primeiros 6 meses e podem demorar cerca de 18 meses até que os índices de satisfação sexual votem aos valores pré-gravidez, sobretudo em que as mulheres amamentam.

O que fazer?


Em primeiro lugar, perceber que o sentem é perfeitamente normal e espectável!

  • Comunicação com o parceiro! É fundamental a partilha dos desafios, emoções e preocupações.

  • Divisam de tarefas no que fica à parentalidade.

  • Descentralizar o sexo da penetração vaginal e explorar contatos não-coitais tais como a estimulação manual genital.

  • Adotar posições sexuais nas quais a mulher tem maior controlo do movimento e, por sua vez, controla a profundidade da penetração (ex: mulher por cima).

  • Uso de lubrificante vaginal.

  • Explorar formas de intimidade ( beijos, toque, programas a dois, massagens).

  • Reservar a atividade sexual para momentos do dia em que o cansaço e a ansiedade são menores (quando é isso mesmo?)

Quando procurar ajuda?


A seu tempo, os níveis de função sexual voltarão aos valores pré-gravidez.


Deverão procurar ajuda no caso de:

  • Desejo hipoativo que persiste após 12-18 meses pós-parto e causa sofrimento pessoal

  • Dor persistente

  • Sintomas de depressão

  • Outras complicações pós-parto tais como hemorragia, incontinência ou infeções

  • Esclarecimento sobre contraceção


Profissionais de saúde:

  • Os profissionais devem informar a mulher e o parceiro acerca das alterações sexuais esperadas neste período;

  • A decisão de reiniciar a atividade sexual deverá ser feita pela mulher e o parceiro. Apesar de o risco de hemorragia ser o mínimo após 2 semanas, geralmente a retoma da atividade sexual é aconselhada após 6 semanas para garantir a cicatrização cirúrgica e vaginal e permitir a absorção de suturas;

  • Aconselhamento de uso de lubrificantes vaginais;

  • Colheita de história clínica cuidada e com recurso a ferramentas tais como o FSFI

Nota: Esta temática foi abordada tendo como referência mulheres heterossexuais com parceiros, que correspondem à população estudada na grande maioria da literatura cientifica.


Dra. Mafalda Cruz, Medicina Sexual




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