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De que forma a religião pode interferir na sexualidade de uma Mulher?


Segundo a minha experiência a religião pode interferir, e muito, neste tema. Pode ter sido a mãe, a tia ou a avó, a ama ou mesmo uma empregada, de uma forma inocente terem dito “isso não se faz, olha que Deus castiga”, que depois ainda se complica mais com a vertente ”Deus" está em todo o lado, ele vê tudo”. Esta abordagem de castigo penso estar a ser cada vez menos utilizada mas ainda há jovens e Mulheres adultas, a sofrerem as consequências da sua utilização. Este tipo de discurso acaba por marcar uma menina para mais tarde se comportar sexualmente como uma “pecadora” o que pode condicionar a relação sexual da Mulher adulta, no que respeita ao prazer e à culpa a ele se associa. A castração da liberdade de expressão, neste caso sexual, torna-se evidente quando acabam por se fechar para o tema do sexo. Há situações que nem sequer se permitem ter uma relação sexual com receio do “castigo”. Nestes casos é necessário trabalhar a componente psicológica mas há também as limitações físicas, secundarias a esta castração emocional que têm de ser tratadas por um fisioterapeuta especializado. A procura deste tipo de tratamento esbarra em muitas barreiras. Começa por não saberem que é um problema, acham que são assim. Quando identificam que é um problema surge a vergonha de o assumirem e de falar sobre ele, até porque pensam que não tem solução. Quando iniciam a procura da solução encontram o desconhecimento de que ela existe, por parte da maioria dos profissionais de saúde a quem recorrem. E finalmente quando encontram um fisioterapeuta especializado em pavimento pelvico surge o medo de que o tratamento seja doloroso. Sem dúvida que este profissional tem de ser especial pois não pode ter pressa de obter resultados, respeitando sempre os limites de cada Jovem ou Mulher que trata. Mas… Há solução!!! E o medo acaba por desaparecer ao final da primeira sessão até porque os resultados, mesmo que pequeninos, apercebem-se logo. Atrevo-me a pedir aos cuidadores das meninas para não trazerem as suas crenças e religião para o desenvolvimento corporal e sexual delas, agora que sabem algumas das consequências que esta atitude pode ter. Este desenvolvimento é natural, o auto-conhecimento do corpo deve acontecer de uma forma natural. A sexualidade feminina e a sua sensualidade vai-se manifestar de forma espontânea resultando em Mulheres mais completas e felizes.

Dra. Susana Mesquita, Fisioterapeuta


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