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Cristina Calca , O Rosto VIH+



1 de dezembro 2022, Dia Mundial de Luta Contra a SIDA


Cristina Calca , um dos rostos que figuram a campanha “Eu Sou VIH+ e Visível” desenvolvida pelo GAT e pela Ser+. Há cerca de dez anos que se entrega a esta missão como funcionaria da Associação Abraço, onde está ligada a causas VIH.


Assume-se como uma mulher de causas. Tem 52 anos é seropositiva e o vírus nunca a fez desistir de si. Hoje sente-se uma mulher mais confiante, mais positiva e muito mais otimista.


Nesta entrevista ao Love with Pepper, Cristina abre o seu coração e refere que nunca devemos desistir do amor. Descreve a vida de um doente com VIH em Portugal, as dificuldades do dia a dia e como é lidar com o preconceito.


Porquê fazer parte da Campanha “Eu Sou VIH+ e Visível”, desenvolvida pelo GAT e pela Ser+?


No momento que me convidaram para fazer parte desta campanha, não hesitei e aceitei porque fazia todo o sentido colaborar numa causa onde ainda existe muito estigma, preconceito e falta de informação. Sendo eu portadora de VIH, com alguns medos, receios e inseguranças, esta campanha seria o ideal para mostrar a Cristina dos dias de hoje, uma mulher mais forte e segura.


Qual a missão desta campanha?


A missão desta campanha é tentar informar, tentar quebrar o preconceito e estigma que existe com os doentes VIH, na nossa sociedade.


Para si o que é o VIH/ SIDA?


É uma infeção provocada pelo um vírus, que permanece no nosso corpo para sempre.


Sabe como foi infetada?


Sim, foi sexualmente, mais ou menos há 12 anos. Pensei que o homem que eu abriguei, ajudei e acolhi, e pelo qual me apaixonei não sabia que estava infetado, mas ele tinha conhecimento e salientou a várias pessoas que eu iria ficar eu ia ficar marcada por ele até ao resto da minha. E fiquei com VIH.


Quais foram os seus sintomas?


Os meus sintomas foram: a cor amarelada, perda de forças, perda de apetite e infeções respiratórias.


Como é receber a notícia de que se tem VIH?


Receber uma notícia destas é uma bomba, desliguei-me de tudo e de todos, desiludi-me a mim, muita vergonha e muita tristeza, vivi com uma depressão durante muito tempo.


Qual a sua reação dos familiares em relação a esta doença?


Não foi muito boa, porque sou de famílias extremamente religiosas, conservadoras, mas hoje já aceitam.


Como é ser doente crónico com uma doença como esta em Portugal?


Hoje em dia tudo está mais facilitado, há uns atrás tomávamos muita medicação, hoje, diariamente tomo apenas dois comprimidos.


Tendo em conta que a terapia evoluiu bastante, que desafios enfrentam nos dias de hoje estes doentes?


A terapia evoluiu, mas os desafios continuam lá, na luta contra o preconceito, embora muitos dos nossos profissionais de saúde não tenham informação, nem saibam lidar com doentes como nós.


Quais as limitações da doença na sua vida?


Devido à presença do vírus no meu organismo começaram a aparecer-me alguns efeitos secundários. Passei por um cancro no rim e tudo indica que são efeitos da medicação.


Como ficou a sua vida sexual?


Devido á minha insegurança não tive vida sexual durante muitos anos, porque não tinha a informação que tenho hoje.


Que precauções tem na sua atividade sexual?


Hoje tenho um parceiro certo que também é seropositivo, mas o preservativo é sem dúvida o que usamos sempre.


É fácil entregar-se a uma pessoa sabendo que é portadora de VIH?


Não é fácil, e é um assunto que tem que ser muito bem trabalhado, falado, tem que existir abertura por parte da pessoa com quem estamos. E também porque é a nossa consciência e as nossas fragilidades que estão em causa.


Nos dias de hoje, tendo em conta a sua doença sente-se uma mulher segura a nível sexual?


Nunca fui uma mulher segura a nível sexual, talvez por ter sido nascido e educada numa família tradicional e conservadora, mas hoje já me liberto mais porque o sexo faz-nos bem.


Considera que ainda existe muito estigma ou desconhecimento da doença por parte da nossa sociedade?


Ainda existe muito estigma e preconceito em relação a esta doença, e por vezes de quem menos esperamos. Deviam existir mais campanhas, mais informação, mais salas de reuniões para nós seropositivos e para os nossos familiares nos ajudarem a ultrapassar e a aceitar esta doença.


Como é lidar com o preconceito?


No início ignorava, agora procuro informar as pessoas.


O amor vence o preconceito?


Pode vencer, porque quando alguém nos escuta, acolhe, ajuda e não nos deixa por termos VIH isso é AMOR.


Cristina Calca, Colaboradora da Associação Abraço


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