CONVERSAS DE PAIS E FILHOS
Desde o início da nossa da nossa existência que o comunicar é o grande motor da evolução das relações. Comunicar significa transmitir uma mensagem entre pessoas que conheces o significado daquilo que se diz e daquilo que se faz. O significado das ideias, dos sentimentos e das experiências. No fundo, comunicar é um mecanismo essencial através do qual as relações humanas existem e se desenvolvem.
Entre os horários de escola e de trabalho, reuniões, trabalhos de casa, trabalho fora de horas e toda uma rotina diária com agenda cheia tanto para os pais como para os filhos, a verdade é que o tempo de qualidade que têm para estar juntos muitas vezes é escasso e fica comprometido.
Se vos perguntar sobre o tipo de conversas que têm com os vossos filhos, tenho a certeza que mais de 50% irá responder que conversam sobre a escola e, a verdade é que no universo dos nossos pequenos existe muito mais para além disso.
Comunicar tem como propósito transmitir ideias, ideias que possam ser compreendidas e vividas, fantasiadas, imaginadas no modelo do mundo da outra pessoa. E, para isso, é tão ou mais importante falar como escutar. Escutar sobre as suas dúvidas, as suas conquistas, as suas inseguranças como das suas superações. Para que possamos também compreender e imaginar as suas realidades.
O silêncio é das armas mais poderosas na comunicação. Se, muitas vezes, em vez de falarmos com os nossos filhos, os escutássemos compreenderíamos melhor a sua realidade. Ou seja, usássemos o silêncio a favor do equilíbrio, a nossa comunicação seria bem mais eficaz e eles sentir-se-iam bem mais compreendidos.
A forma como os filhos interagem connosco explica ainda mais sobre nós que deles mesmos. Mostra muito da nossa realidade enquanto pais e como consequência, como nós enquanto líderes, como amantes e seres humanos. É um parâmetro da qualidade das nossas relações.
Um aspeto importante é o quanto estamos perto da sua realidade e eles da nossa.
Falar sobre as nossas experiências, como exemplo, permite aproximar-nos mais dos nossos filhos, pois tornar-nos, enquanto pais, mais humanos e próximos da realidade deles.
Não mostrar uma parte real da vida enquanto Pais, gera falta de empatia, e ela é uma das principais causas das zangas durante as conversas entre pais e filhos. Lembra-te sempre que são gerações diferentes e que eles vivem num mundo que não é igual ao teu quando tinhas a idade deles. Então, por estes fatores, tentar fazer com que eles vejam a tua realidade de há 30 anos atrás não é muito fácil. Falar dessa realidade não como uma certeza mas como uma experiência aproxima os dois mundos. Não julgues os seus pensamentos, fazem parte do “mundo moderno” em que vivem. Aproveita para te sentires curioso para ver as suas versões da Vida. Procura pontos de encontro.
Outro aspeto importante são os limites.
Eu sou aquele pai que defende a ideia de que os pais não são amigos. E isto acontece porque, enquanto educadores, temos o dever mostrar quais são os limites da vida. Que nem sempre vale tudo, mas que independentemente das decisões que eles tomem, enquanto pai, estarei sempre de braços abertos.
Os filhos não vão querer falar sobre tudo connosco – principalmente na fase de adolescência – e isso deve ser respeitado, sempre com a certeza de que, enquanto pais, temos sempre abertura para que possam falar connosco sobre aquilo que sentem e que estão a passar.
Ser mãe ou Pai é a melhor escola de crescimento que a vida nos pode oferecer. Deixemos que as suas experiências possam ser nossos guias e mestres e as nossas relações florescerão.
Dr. Eduardo Reis Torgal, Coaching
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