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Como é que a maternidade afeta a sexualidade?, por Dra. Manuela Mesquita




É um facto que num parto, independentemente do tipo de parto de que estamos a falar, são grandes as alterações anatómicas que se processam no corpo da mulher. Por esse motivo, o Ministério da saúde em Portugal, recomenda que a mulher aguarde 40 dias para ter a primeira relação sexual, o tempo considerado necessário para o organismo recuperar, o denominado puerpério. No entanto, apesar de já estar fisicamente preparada, a maior parte delas não tem vontade de o fazer…


Para esta falta desejo, contribuem diversos fatores, alguns deles anatómicos, como por exemplo a falta de lubrificação e a dor vaginal, esta última mais frequente após um parto normal, mas também fatores emocionais. No que diz respeito às emoções, as alterações hormonais, potenciam grandes oscilações de humor na mulher, o que contribui para a falta de interesse sexual. Por outro lado, a insegurança em relação à sua imagem corporal, pode levar a que, inconscientemente, afastem o parceiro.


É importante falar também na amamentação, não só por nos primeiros tempos exigir a disponibilidade da mãe de 3 em 3 horas, mas também pelo facto da mama, até então uma zona exclusivamente erógena, e de grande simbolismo erótico, passar a estar voltada para a alimentação do bebé, fazendo com que para muitos casais, impacte diretamente na sua intimidade.


Claro está que, existe também uma enorme mudança na dinâmica do casal, passando o bebé a assumir um papel central na família. Sendo assim, o tempo que o casal tinha disponível para estarem sós acaba por ser muito menor, e ainda assim muitas vezes interrompido! Desde as noites sem dormir, à adaptação a novas rotinas e o cansaço acumulado, tudo acaba por falar mais alto, sobrando pouco tempo e disposição para o sexo.


É importante então assumir algumas estratégias.


Em primeiro lugar, ser paciente e encarar este período como uma fase, que apesar de desafiante, é única na vida do casal. A sexualidade vai voltar, e será igualmente proveitosa como era antes do bebé nascer.


Descansar sempre que possível. O cansaço é, efetivamente, um dos maiores inimigos da intimidade do casal, por isso é importante tentar, por exemplo, fazer uma sesta quando o bebé estiver a dormir durante o dia, para assim tentar recuperar algum do sono perdido durante a noite. Uma outra estratégia poderá passar por fazer turnos para cuidar do bebé. Por último, e sempre que possível, recorrer a ajuda familiar, para que seja possível não só os pais descansarem, mas também, saírem para namorar.


É também fundamental estarem abertos a explorar novas opções, pois sexo não é sinónimo de penetração. Caso a mulher já se sinta preparada para voltar a ter relações, mas ainda existir dor, esta poderá ser uma boa alternativa, pois é muito importante continuar a investir na proximidade e nos afetos.


Posto isto, é inegável que o papel do homem é de extrema importância, pois a mulher necessita de muito apoio. Necessita de um marido afetuoso e compreensivo, que perceba as suas oscilações de humor, e a sua indisponibilidade. Agora, a mulher tem de dividir a sua atenção e os seus afetos pelo papel de mãe e de mulher. É por isso importante saber esperar, sem colocar pressões desnecessárias, afinal tudo está a acontecer, porque ambos tomaram uma das mais importantes decisões das vossas vidas: ter um filho! Aos poucos a mulher vai se libertando da função de mãe, e irá voltar a dar mais espaço à função de mulher.


Se ainda assim, o casal considera que está a ser difícil retomar a sua vida sexual, o ideal será procurar ajuda e aconselhamento profissional.


Dra. Manuela Mesquita, Psicóloga Clínica

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