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Amanda Mel, inspiração de Salvador Dali


Amanda Mel , assume-se como uma mulher bem resolvida com a vida, sem mágoas, sem rancores, sem ódios de coração e com muito amor para dar.


Uma mulher com uma personalidade muito forte, que, apesar de todas amarguras que o passado lhe causou, leva a vida a sorrir para aqueles que ela gosta e ama e também lhe querem bem.


Grata por tudo aquilo que a vida lhe tem dado, considera-se uma mulher muito feliz, vivendo os seus amores e desamores. Refere que se aprende com os erros.


Refere que vale tudo a pena!


Nesta entrevista, Armanda Caneja fala-nos de como se realizou a todos os níveis, quer ao nível pessoal, quer ao nível profissional, quer ao nível amorosos. Abre o seu coração, referindo sempre que o que importa é o que sentimos.


Qual a fonte de inspiração para o seu nome?


A inspiração do meu nome deve-se à musa inspiradora Amanda Lear , transexual, do pintor Salvador Dali, um dos representantes da arte surrealista.


Considera-se uma Mulher romântica?


O quanto baste!


Alguma vez confundiu a homossexualidade com a transexualidade ?


Nunca, desde dos meus 14 anos sabia muito bem a minha realidade e identidade.


Antes deste processo teve algum apoio psicológico?


Era para ter, mas depois desisti e também por vontade própria não quis procurar.


Com que idade é que começou a sentir que não era homem?


Aos 14 aos já tinha essa noção.


Como foi a sua adolescência?


Muito conturbada, muitas perguntas e poucas respostas, também com muita irreverência e rebeldia.


Na escola sofreu de bullying?


Nunca permiti que as pessoas me maltratassem e humilhassem.


Sente preconceito quando anda na rua?


Não, nem sequer dou tempo para isso. Porque existe uma barreira. Eu não permito que as pessoas invadam a minha privacidade e o meu espaço. Caso isso aconteça, desprezo e olho em frente.

Para a frente é que é caminho!


Sente que em Portugal existem condições para ajudar pessoas transexuais, por exemplo, ao nível de apoio psicológico?


Penso que existem novas associações que estão a dar muito apoio a estas novas gerações mais jovens.


Qual foi a sua primeira cirurgia a nível de transformação de género?


Foi aos 18 anos, às mamas sem qualquer apoio do estado.


Vai fazer ou já fez a cirurgia de resignação sexual?


Isto é um processo que está sempre em manutenção, estamos sempre à procura de mais e melhor, para se estar 100% satisfeita.


A nível emocional, sente que sofreu uma mudança com a transição? Quais são as diferenças antes e depois?


Realizada e super feliz! Cada alteração que fui fazendo foi uma conquista.


Qual o momento mais difícil durante a transição?


A dor. Superei e sempre fui resistente à dor, mas o que para mim foi mais difícil é o processo de demora e os custos que são muito elevados.


Alguma vez se arrependeu da transição?


Não. Engraçado que quando olho para a minha história, o meu trajeto de vida, desde que sai de casa dos meus pais aos 14 anos, e em que vivi anos com sofrimento, a esconder a minha personalidade de toda a gente, e após essa saída consegui libertar-me.

Nunca me arrependi, pois quando vivia com os meus pais não tinha o tal carinho, amor, liberdade, era uma pessoa muito triste e com uma vida muito limitada, aí quando me libertei foi uma mudança para melhor.


Qual a sua orientação sexual?


Considero-me uma pessoa eclética, mas com tendências hétero.


Quando recomeçou a sua vida sexual depois da resignação e de toda a transformação, como se sentiu?


Senti que era um processo lento, em que temos dias muito difíceis e que se vai aprendendo e que tudo é um recomeço e aprendizagem.


Sente-se mais confiante agora a nível sexual?


Sim, já me conheço melhor e consigo posicionar melhor o meu corpo.


O que gostava de dizer às pessoas que passaram ou estão a passar pela mesma situação.


Para a frente é que é o caminho e nunca desistir!

Temos que ser felizes agora, hoje e sempre!


Quais são os seus maiores prazeres?


É viajar, conviver, estar junto de quem gosta de mim e dos que me querem bem.



Considera que a nossa sociedade tem uma melhor aceitação em relação ao vosso género?


O que me importa neste momento é o respeito que tenho por mim e nem dou tempo nem hipótese de me desrespeitarem.


O amor vence o preconceito?


Vence tem que vencer!


Amanda Mel, Empresária




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