A superação faz parte da Vida, por Diana Gomes
Diana Gomes, 29 anos, natural de Beja e é uma pessoa intersexuada. Nasceu com um micropênis e bolsas escrotais e dentro tem um útero rudimentar.
Esta jovem foi registada com nome masculino e, por volta dos 13/14 anos, via que não estava a ter um desenvolvimento normal, principalmente na área da genitália, como seria comum.
Diagnosticada como pessoa intersexuada aos 16 anos, através de um teste genético realizado a um gene de estrogénio, cujo resultado deste determina que a Diana é uma mulher 46XY com uma disgenia gonodal parcial.
Nascida com uma perturbação de desenvolvimento sexual, por conseguinte, uma condição de saúde particular, esta mulher é aceite pela sua família que percebem e vêm este problema como uma doença. O seu refúgio neste momento é a música, que ouve dentro das quatro paredes do seu quarto.
Apesar deste sofrimento, Diana quer liberta-se deste pesadelo que a tormenta desde criança, através da cirurgia de redesignação sexual e vê aí a sua mudança em todos seus campos.
Assume-se como uma mulher heterossexual, sendo uma mulher vulnerável, deprimida, mas que luta para a sua mudança seja em breve.
Diana espera por esta cirurgia ansiosamente e espera poder liberta-se e explorar um pouco da inocência na área da sexualidade e sente-se uma mulher mais forte.
Nesta entrevista ao Love with Pepper, esta jovem a Diana fala-nos de todo o seu processo de redesignação sexual e o que é ser uma pessoa intersexuada no nosso pais.
Para si o que é uma pessoa intersexuada?
É uma pessoa que nasce com uma mutação ou numa condição de ambos os sexos.
Quando é que entendeu que algo não estava bem consigo?
Em questões de identidade de género, percebi logo em criança mas o diagnóstico em termos científicos e na medicina foi na adolescência.
Na zona da genitália sentiu que era diferente?
Sim. E, também, quando na escola, nos balneários, ia tomar banho com outros rapazes, via que a minha genitália não era igual, nem desenvolvia como qualquer pessoa normal. Então, a partir daí, comecei a esconder e a ter mais cuidado comigo.
Quando e com que idade foi pela primeira vez ao médico?
Aos 12 anos de idade os meus pais levaram-me a um psicólogo e, nessa altura, ele reparou que não era só uma questão de identidade de género, mas sim um problema de desenvolvimento físico.
Sempre se achou uma pessoa afeminada?
Sim. Nunca tive gestos masculinos nem nada do género. Fui registada como rapaz mas evitava vestir aquelas roupas tradicionais e ditas para meninos e então a minha Mãe procurava sempre vestir-me de uma forma mais andrógena.
Como lidava e lida com as transformações físicas do seu corpo?
Cada dia é uma vitória, quero ver-me livre da genitália que tenho. Gosto da minha aparência, mas tapo-me quando me visto e evito olhar para mim quando me dispo para tomar banho. Ainda não me consigo olhar nua e nem vou a uma praia, piscina porque tenho muitos complexos.
Pensava que não tinha que tomar tantas hormonas, porque sempre tive uma aparência feminina e gostava que não fosse preciso tomar tantas hormonas.
Enclausurava-se no seu corpo?
Sim, fecho-me no meu corpo, mas tenho plena consciência que não o devia fazer. Não estou bem a nível psicológico, devido à minha condição, no entanto aguardo o dia D, o dia da mudança, o dia que vou fazer a cirurgia.
Como é a sua vida sexual, visto que ainda é uma pessoa intersexuada?
É complicada, não consegui entregar-me totalmente ao parceiro, não tive prazer nenhum, não cheguei ao orgasmo. Embora ele na altura dissesse que teve orgasmos, prazer comigo, eu não consegui porque, o sexo para mim, não é só envolvência do ato físico, mas sim tenho que estar bem emocionalmente e não sinto que estou. Fi-lo na altura para sentir e ver com era a experiência sexual.
Como é a sua libido, desejo e excitação?
Neste momento não consigo ter vida sexual.
Pratica a masturbação? Tem prazer nela?
De vez em quando sim, mas não tenho prazer e nem sinto nada.
Como vê a sua mudança quando realizar a cirurgia de redesignação de género?
Vejo que vai ser uma mudança, um libertar de tudo e de todos os fantasmas que me atormentam. Não vou esquecer o meu passado, porque faz parte de mim e quero fazer o que nunca fiz e que não tive oportunidades para o fazer.
Sente-se uma mulher segura a nível sexual?
Não, aliás para mim é muito complicado ter uma vida sexual ativa devido à minha condição. No entanto, tenho muitos homens atrás de mim, por questões de fetiches , mas o que eu quero é uma relação séria e estável, o que é muito difícil. As pessoas heterossexuais não conseguem estar com uma pessoa como eu e assumida em sociedade.
Sexualmente realizada. Vida feliz. O lema do Love with Pepper concorda?
Concordo, porque todos nós devemos sentir-nos sexualmente realizados é um direito fundamental do ser humano.
Apesar destas adversidades todas o sexo é bom?
Penso que sim. Porque, apesar de não ter tido uma boa experiência sexual, o sexo deve ser prazeroso e maravilhoso. Quando fizer a cirurgia espero passar por tudo o que perdi, mesmo no campo sexual.
O AMOR vence o preconceito?
Amor verdadeiro sim, vence tudo.
Diana Gomes, Intersexuada
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