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A Sexualidade e o sentido da Visão




A sexualidade esta interligada com a visão? A visão é algo indispensável para o ato sexual?

O cérebro é a central de processamento de informação do ser humano, recebe a informação de todas as vias sensoriais: visão, audição, tato, paladar e olfato e realiza o processamento dessa mesma informação. Cerca de 80% da informação que chega ao nosso cérebro advém da visão. O ser humano quando privado do sentido da visão apura todos os outros sentidos, no caso específico de um individuo cego o tato ganha uma enorme importância na sua aprendizagem. A aprendizagem do ser humano está estruturada numa aprendizagem pela repetição, “ver e repetir”, aprendizagem essa que não é capaz de se adaptar a pessoas invisuais.


Estudos indicam que quando as pessoas cegas entram na puberdade, têm noção das suas alterações corporais assim como do aumento da libido, mas a aprendizagem da sexualidade não se encontra adaptada a eles.


Enquanto pessoas não cegas aprendem as diferenças morfológicas entre homem e mulher através da visualização, os sistemas de ensino não estão preparados para pessoas que aprendam através do toque.


Uma pessoa cega tem a sua sexualidade comprometida principalmente pela falta de possibilidade de aprender. Ao longo do seu crescimento um invisual acumula experiências de desaprovação a vários níveis, desta forma, o erotismo e a sexualidade, seja referente à masturbação ou à penetração, sofrem de um ocultamento por parte da sociedade que não está preparada para lidar com as diferenças.


Na literatura é possível reter que os adolescentes que não tenham problemas de visão, obtêm maior parte da informação através da internet e amigos, já adolescentes cegos em 33% dos casos obtém informação através dos pais. Os pais podem ser o meio de comunicação sobre a sexualidade para pessoas cegas, devido a receios existentes e à superproteção que é comum nestes casos. Dentro dos adolescentes da comunidade invisual 36% admite sentimentos de oposição dos seus familiares próximos, em relação ao namoro e à sua sexualidade.


O ciclo de exclusão social e a falta de preparação da sociedade para com os indivíduos cegos inibe a sexualidade dos mesmos, que em termos hormonais e de líbido, não existem evidencias que sejam diferentes.


Psicólogos especializados na área da sexualidade defendem que o órgão sexual mais importante é o cérebro, e o cérebro de uma pessoa cega não pode ser estimulado pelos estímulos visuais, mas pode ser estimulado pelos restantes estímulos, principalmente pelo tato, o que faz igualmente despertar o desejo e o prazer sexual da pessoa cega. O órgão sexual não tem uma ligação direta com o sistema visual desta forma é possível uma pessoa cega ter uma vida sexual ativa e em que a sua performance não é afetada pela condição.


A sociedade deve fazer um esforço de não padronizar os sistemas de ensino e de criar diferentes formas de ensino, já os profissionais de saúde devem abordar a sexualidade de pessoas cegas ou com baixa visão de uma forma não discriminatória, pois ultrapassadas as limitações impostas pela sociedade e tornando-a mais inclusiva, a sexualidade para pessoas com deficiência visual deixa de ser um tabu.


Dr. Alexandre Monteiro, Optometrista da Mais Optica

Vila Nova de Famalicão


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