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A primeira vez



Quando temos filhos ou filhas é difícil imaginar que este dia vai chegar. Quando converso com as famílias, costumamos fazer um exercício especial que convida a imaginar a sua primeira vez: Estavam preparados/as?... Sabiam tudo para que a experiência fosse segura e prazerosa?... Usaram preservativos?...


As respostas são apenas para uma reflexão sigilosa e cada pessoa abre as gavetas da sua memória e, entre risos, bochechas coradas e ar de pânico, há de tudo. Algumas das pessoas que participam dizem mesmo que esse é o problema, que querem que seja diferente, que não comentam os mesmos erros, que saibam escolher melhor.


Mas na época das primeiras vezes não há muitas certezas e o caminho de experimentação e descoberta faz parte da adolescência e do crescimento saudável.


Quando me perguntam quando deve acontecer, digo sempre que tenho alguma dificuldade em responder a essa pergunta, que existem muitos fatores envolvidos, mas que a maturidade e a responsabilidade tem de estar lá.


Numa sociedade altamente erotizada e em que se acha que somos máquinas sexuais, é normal que muitas famílias considerem que a nossa juventude inicia cedo a sua intimidade mas, na verdade, os últimos dados sobre o comportamento sexual da adolescência mostra precisamente o contrário. O acesso fácil à pornografia e a liberdade sexual parece diminuir o interesse de começar mais cedo.


Em Portugal, o Estado não reconhece capacidade de decisão antes dos 14 anos, o que faz com que as relações sexuais com menores desta idade sejam alvo de muita abrevai?, constituindo-se inclusive crime se no casal um dos elementos for mais velho e, pior, se for maior.


É incontornável que existe uma pressão para a sexualidade, muito devido aos media e à erotização precoce, em especial das meninas, e isso pode precipitar o início das relações sexuais.


Mais importante do que castrar ou proibir namoros é ter uma postura de tolerância e de atenção nos primeiros namoros. Garantir o acesso seguro à contraceção e conhecer a influência dos relacionamentos no bem-estar das/os nossas/os jovens é extremamente importante. A violência no namoro, com inúmeras situações de abuso, podem colocar estas mesmas pessoas em vulnerabilidade, pelo que se torna da maior importância dar toda a atenção a mudanças comportamentais que influenciem negativamente a sua vida.


As primeiras experiências amorosas e sexuais são isso mesmo, mas é importante não desvalorizar o impacto que estas podem ter na vida dos/as nossos/as adolescentes. Apesar de a gravidez na adolescência em Portugal não ser, no momento, um problema, a falta de conhecimento dos direitos sexuais e reprodutivos e a ausência de educação sexual continua a perpetuar mitos e a potenciar riscos. A família tem a obrigação que conhecer o seu jovem e a sua jovem como ninguém e a escola de preparar pessoas esclarecidas, em plena cidadania.


É normal que estes temas sejam difíceis de abordar mas, se não o fizer, esteja certo/a que alguém o estará a fazer por si e não falo da escola!


A internet é hoje palco de encontros e até de práticas sexuais.


Antes de ser apanhado/a de surpresa, aproveite pequenas situações para trazer alguns temas à conversa, percebendo o que pensam e como de posicionam em relação aos inúmeros temas da sexualidade.


E esteja disponível! Principalmente, numa altura em que o confinamento é motivo de afastamento físico e impeditivo de terem experiências que tão importantes para a resolução de conflitos e de amadurecimento saudável e feliz.


Dra. Vânia Beliz, Psicóloga Clínica

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