A linguagem do Amor e da Traição
Existem pistas não verbais importantes para confirmar de uma forma simples se a relação entre um casal está saudável ou em risco. Através de sinais não verbais, fáceis de observar, poderá perceber qual o estado do relacionamento, saber quem é o elemento dominante, qual a intensidade da ligação, a sintonia e a intimidade no momento ou se existem indícios de engano.
Num relacionamento de um casal, devido às muitas distrações do nosso dia a dia e à rotina, deixamos de dar importância a certos sinais não verbais que a parceira ou parceiro dão, e isso é pode ser fatal para muitas relações. É mais fácil mentir ou esconder os verdadeiros sentimentos através das palavras, como, por exemplo, responder «Está tudo bem!», «Por mim, pode ser!», «Não importa!», «Amo-te!», «Gosto de ti», quando na realidade não é o que se sente no momento.
Numa relação é muito importante perceber diariamente a congruência entre o verbal e o não-verbal, perceber se o corpo transmite o mesmo do que as palavras, ter a consciência dos sinais mais importantes do outro, vai fazer com que tenha o poder de entender o outro na sua plenitude e não se iludir somente pelas palavras.
Nas frases que referi anteriormente como exemplo existe um movimento que coloca em dúvida a veracidade ou a certeza das mesmas: levantar os ombros enquanto as verbaliza. Este movimento quando afirmamos algo revela que temos incerteza sobre o que verbalizamos no momento. Se ele diz «Pode ser!» ou ela diz «Está tudo bem!» e levanta os ombros, é sinal de que é um sentimento menos verdadeiro que pode ter como intenção agradar ou não preocupar. O importante é estar atento e não ficar pelas palavras e ter a perceção de que alguma coisa não está bem e perceber e questionar mais para apurar a causa da incerteza, para depois, quando for tarde de mais, não dizer «Não contava com isto! Não percebo porque aconteceu! Não sei porque aconteceu!».
Estado das relações
O que é simples de ver também é simples de não ver.
Um casal normalmente passa por várias fases, umas melhores, outras piores. Durante a interação diária, entre eles emitem pistas não verbais simples que podem revelar esse mesmo estado da relação, as características de cada elemento do casal, a posição que cada um assume na relação, se está saudável, o grau de ligação e proteção, naquela fase específica da vida do casal.
Darem simplesmente as mãos revela informações muito interessantes pela forma como o fazem. O elemento do casal que anda com a parte superior da mão virada para a frente é o que tem mais poder de decisão na relação; se entrelaça os dedos revela relação sólida e intimidade física ativa; se um puxa pelo outro, o que puxa é o dominante na relação, gosta e quer proteger o «puxado»; não têm as mãos dadas, mas um dos elementos agarra no braço do outro, é aquele que mais se esforça e mais faz pela relação.
Há casais que gostam mais de andar abraçados, e pela posição dos braços podemos perceber qual o mais dominante ou até se se trata de uma pessoa possessiva.
Quando ambos caminham com os braços por detrás das costas um do outro, revela igualdade de status, sintonia, e ambos são protetores porque os braços se encontram ao mesmo nível. Para conseguir saber qual o dominante do casal, repare no elemento do casal que tem o braço numa zona superior, como, por exemplo, se um coloca o braço nas costas e o outro no ombro; o que coloca no ombro é o mais dominante. No entanto, podemos, através de outras pistas, perceber o tipo de domínio, se é mais carinhoso ou possessivo. Se ela coloca a mão no peito dele, revela orgulho e está a enviar uma mensagem «Este homem é meu»; se a mão assenta bem em cima do ombro, é sinal de carinho; se a mão fica como «caída» ou pendurada no ombro, é sinal de egoísmo; e o mais perigoso é quando o abraço é como uma «gola», isto é, o braço envolve o pescoço do outro, revela que o elemento é demasiado possessivo e poderá ainda indicar que é muito controlador e ciumento.
Para avaliar a ligação e sintonia entre o casal, a distância é um bom indicador. Deve avaliá-la não na parte superior do corpo, mas sim entre os quadris: quanto menor a distância entre os quadris, maior o grau de ligação e intimidade. Consegue perceber melhor este sinal quando se abraçam, se as zonas da pélvis estiverem próximas, melhor é a ligação e a intimidade. Se estão sentados, terá de verificar a distância entre os elementos do casal, quanto menor for, maior a ligação entre ambos. Se adotam posições semelhantes, como cruzarem as pernas para o mesmo lado, colocam ambos a mão cara, é sinal de sintonia e entendimento.
Durante um beijo, se o fizer de olhos abertos, poderá indicar um beijo «falso» e sem emoção. A visão absorve muita da atividade cerebral e, quando quer sentir mais emoção, fecha os olhos para ter mais energia, para sentir a emoção do beijo, logo, se o beijo for verdadeiro e sentido, deve ser dado de olhos fechados.
Uma pista mais para os homens é observar a distância entre os pés dela e os dele, quando estão deitados na cama. Se ela afasta os pés dos dele, é porque algo menos bom aconteceu e está aborrecida. Existe uma probabilidade maior de os homens se distraírem das relações e muitas vezes nem perceberem que a parceira mudou o corte ou a cor do cabelo, o que revela que algo na vida dela mudou, seja a forma de encarar a vida ou a atitude perante a vida, ou então se mudou ou intensificou a forma de maquilhar, porque aumentar a maquilhagem revela necessidade atenção por parte do parceiro ou uma diminuição da sua autoestima.
Para saber quem é o mais dominante na relação ou tem mais poder de decisão, veja qual o elemento do casal que dorme do lado da porta do quarto, se vivem num apartamento, ou do lado da janela, se vivem numa vivenda. O mais dominante dorme do lado de onde poderá surgir uma ameaça.
Existem sinais não verbais que alertam para a maior probabilidade de a relação estar entrar em declínio ou rutura: sentar-se na diagonal à mesa ou com os joelhos voltados para o lado inverso do outro, não falar nos intervalos de um filme ou à mesa, afastar e evitar contacto físico, evitar o carinho em público, atravessar a rua e não avisar o outro de que o vai fazer. Todos estes sinais têm uma avaliação negativa que pode revelar desacordo elevado, falta de ligação emocional ou problemas.
Olhar para o nariz do outro quando discute significa que não está a considerar o que o outro diz e que o vê como inferior. Tal como com as expressões faciais de nojo e desprezo, são sinais de alerta de que a relação não está saudável quando acontecem em determinados contextos. A expressão facial de nojo é quando enruga o nariz, revela «não gosto», e a de desprezo quando levanta só um dos lados da boca, revela «superioridade e desconsideração». Se acontecem recorrentemente em situações de tensão ou discussão, têm significados menos bons e são indicadores de uma maior probabilidade de divórcio ou separação. A expressão facial de nojo significa «Estou farto!», é sinal de saturação, e a de desprezo «Não te valorizo!».
Quando uma relação entra em declínio, poderão começar a surgir mentiras e enganos, e através de certas pistas poderá detetá-las, mas sempre com a recomendação de não julgar e sim investigar mais.
Os sinais a que terá de estar em atento são as alterações ao comportamento normal ou à linha-base sem uma explicação clara e evidente, como ir trabalhar mais vezes, até mais tarde ou a diferentes horas, gastar mais tempo em hobbies sozinho, sentir cheiros de perfumes ou sabonete diferentes, compra de roupa interior nova sem o seu conhecimento, começa a usar novas palavras ou calão, de repente e sem razão aparente começa a adotar um comportamento menos amável e a referir mais defeitos físicos, demora a responder a perguntas simples: «Como correu o trabalho?»; «Onde estiveste?»; «Quem estava lá?». Existe uma agitação inadequada quando o telemóvel toca ou quando se aproxima do telemóvel ou mexe na roupa.
Constatar somente uma pista não é indicador de engano, poderá significar que deverá ficar mais alerta. Quantos mais sinais surgirem, mais alerta deverá ficar. Ao observar estes sinais, antes de confrontar, deverá consultar e ter em conta o capítulo das técnicas de interrogação e quais as pistas da probabilidade de mentira.
Linguagem corporal de amor | Linguagem corporal de desamor |
Ela ocupa o espaço dele, ele ti mais e fala mais alto
| Afasta e cria mais espaço entre os dois |
Inclina-se para si | Inclina-se para trás para se afastar |
Os pés apontam na mesma direção | Pés apontam noutra direção |
Pernas descruzadas e braços abertos | Pernas entrelaçadas, pernas cruzadas e joelho aponta noutra direção |
Ele fala com as palmas das mãos para cima, ela acaricia joias ou o cabelo | Ele esfrega a parte de trás do pescoço, ela coça a convinha do pescoço |
Contacto visual prolongado ou olha para baixo timidamente | Enruga muito o nariz ou franze a testa |
Inclina a cabeça para o lado | Ela acaricia a covinha do pescoço. É repetido, já está em acima
|
Fala com as palmas das mãos para baixo ou com os punhos fechados | Ausência de contacto ocular |
Traição? Quais os possíveis sinais?
Na maioria dos casos, o engano e a infidelidade são descobertos pela alteração do comportamento base, isto é a alteração da forma como normalmente se comporta, age e até a alteração dos próprios hábitos. Veja os indícios como alertas que podem ajudar a perceber, se uma traição está a acontecer ou poderá vir a acontecer de futuro, mas saiba que são alertas, não confirmam nada!
Agitação ou nervosismo quando toca o telefone ou quando se aproxima do seu telemóvel.
Agitação ou nervosismo, quando lhe mexe na roupa.
Se muda a forma de falar, usa calão ou palavras novas.
Muda a forma de vestir ou compra roupa nova sem lhe dizer nada.
Começa a usar perfume diferente ou coloca mais perfume que o normal.
Muda horários, rotinas e chega atrasada/o mais vezes com desculpas estranhas.
Ela começa a maquilhar-se mais, sem razão aparente.
Não julgue, desconfie e questione o porquê das alterações de comportamento.
Dr. Alexandre Monteiro, Coach
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